AFFORDANCE EM BIG DATA: ABORDAGEM MCLUHANIANA

Authors

  • Vinà­cius Vargas Vieira dos Santos

Abstract

INTRODUÇÃO
BIG DATA � O TERMO QUE SE REFERE AO AC�MULO DE DADOS DIGITAIS QUE CARACTERIZOU, DENTRE OUTROS, AS M�DIAS DE COMUNICA��O EM MASSA NAS DUAS �LTIMAS D�CADAS E ESTÁ DIRETAMENTE RELACIONADO � ATUAL CONFIGURA��O DA PLATAFORMA DE SERVI�OS DE TECNOLOGIA WEB 2.0. A PRESENTE PESQUISA TRATA DAS CARACTER�STICAS DAS NOVAS M�DIAS COMO ELEMENTOS IMPORTANTES PARA COMPREENDERMOS A PRODUÇÃO E OS EFEITOS DA LINGUAGEM MEDIADA POR INTERFACES DIGITAIS, CONSIDERANDO PREMISSAS APONTADAS PELO FILÓSOFO DA COMUNICA��O MARSHALL MCLUHAN SOBRE MEIO E MENSAGEM.
PARA ROMAN JAKOBSON (1960/2007), O CONCEITO DE �€ŒCANAL�€ � VISTO COMO ELEMENTO F�SICO DE PROPAGA��O DA MENSAGEM, QUE SE LIMITA � CAPACIDADE DE FUNCIONAR OU NÃO, POSSIBILITANDO ASSIM A PR�TICA COMUNICATIVA. �€ŒPARA SER EFICAZ, A MENSAGEM REQUER (...) FINALMENTE UM CONTACTO, UM CANAL F�SICO E UMA CONEX�O PSICOLÓGICA ENTRE O REMETENTE E O DESTINAT�RIO, QUE OS CAPACITE A AMBOS A ENTRAREM E PERMANECEREM EM COMUNICA��O.�€ (JAKOBSON, 1960/2007, P.121). SALVO EXCE��ES, �€ŒCANAL�€ SE MANTEVE PARA OS ESTUDOS LINGU�STICOS COMO APENAS MAIS UM DOS ELEMENTOS FORMADORES DO CONTEXTO, SUPERFICIALMENTE EXPLORADO FRENTE A OUTROS ASPECTOS CONTEXTUAIS (MAIS PROFUNDAMENTE INVESTIGADOS) COMO O LUGAR SOCIAL OCUPADO PELO USU�RIO, O PRÓPRIO USU�RIO (ENUNCIADOR) OU AINDA O MOMENTO HISTÓRICO DA ENUNCIA��O.
NAS SOCIEDADES MIDIATIZADAS POR TECNOLOGIAS DIGITAIS, O �€ŒCANAL F�SICO�€ CEDE, EM IN�MERAS E RELEVANTES OCASI�ES, A MEIOS ELETR�NICOS DE DADOS, QUE PARA AL�M DA SIMPLES �€ŒCAPACIDADE DE FUNCIONAR OU N�O�€ � SIGNIFICANTE E COMPLEXO EM VARIADOS N�VEIS ESCALARES E PREVIAMENTE PROGRAMADO POR COORPORA��ES DO SETOR COMPUTACIONAL. AO INTERFERIR EM ESCALAS DE TEMPO, ESPA�O E ALCANCE SOCIAL DA ENUNCIA��O, A PARTIR DE DESIGNS COMPUTACIONAIS PREVIAMENTE CONFIGURADOS, O CANAL OU MEIO POR ONDE SE REALIZA A MENSAGEM FAZ-SE ELEMENTO CONTEXTUAL B�SICO PARA COMPREENDERMOS A PRODUÇÃO E EFEITOS DA LINGUAGEM MEDIADA POR TECNOLOGIA.
MARSHALL MCLUHAN ANUNCIOU EM 1964 QUE �€ŒO MEIO � A MENSAGEM, PORQUE � O MEIO QUE CONFIGURA E CONTROLA A ESCALA E A FORMA DAS A��ES E ASSOCIA��ES HUMANAS �€ (MCLUHAN, 1964, P.9). A PROPOSI��O DE MCLUHAN (1964/2005) CONSIDERA AS CONSEQU�NCIAS PS�QUICAS E SOCIAIS DO QUE ELE CHAMA DE MODELOS COMPUTACIONAIS, QUE SERIAM HOJE DE FATO AS INTERFACES (HARDWARES E SOFTWARES). SEGUNDO A AUTOR, �€ŒA �€˜MENSAGEM�€™ DE QUALQUER MEIO OU TECNOLOGIA � A MUDAN�A DE ESCALA, CAD�NCIA OU PADR�O QUE ESSE MEIO OU TECNOLOGIA INTRODUZ NAS COISAS HUMANAS�€ (MCLUHAN, 1964/2005, P. 22). ATUALMENTE, TABLETES, CELULARES E COMPUTADORES TORNARAM-SE EXTENS�ES PARA MILHARES DE
PESSOAS, ACUMULANDO AO MENOS DUAS IMPORTANTES FUN��ES DA MENTE HUMANA, A COMUNICA��O E O ARMAZENAMENTO DE INFORMA��ES.
AO AFIRMAR QUE O MEIO � PRÓPRIA MENSAGEM, MCLUHAN (1964/2005) PROP�E UMA DISTIN��O ENTRE MENSAGEM E CONTE�DO DA MENSAGEM. O TEMA DA LINGUAGEM CUBISTA NA PINTURA � EXEMPLAR A ESSE RESPEITO:
"O CUBISMO SUBSTITUI O �€ŒPONTO DE VISTA�€, OU FACETA DA ILUS�O PERSPECTIVISTA, POR TODAS AS FACETAS DO OBJETO APRESENTADAS SIMULTANEAMENTE (...). O CUBISMO, EXIBINDO O DENTRO E O FORA, O ACIMA E O ABAIXO, A FRENTE, AS COSTAS E TUDO O MAIS, EM DUAS DIMENS�ES, DESFAZ A ILUS�O DA PERSPECTIVA EM FAVOR DA APREENS�O SENSÓRIA INSTANT�NEA DO TODO. AO PROPICIAR A APREENS�O TOTAL INSTANT�NEA, O CUBISMO COMO QUE DE REPENTE ANUNCIOU QUE O MEIO � A MENSAGEM." (MCLUHAN, 1964/2005, P 27)
A TEM�TICA METALINGU�STICA DO CUBISMO, QUE SE DIFERE NESTE ASPECTO DE REFERENCIALIDADES NÃO METALINGU�STICAS (A EXEMPLO DA TEM�TICA SURREALISTA, ONDE OS REFERENTES EST�O LOCALIZADOS NO UNIVERSO ON�RICO), OPERANDO SOBRE A PRÓPRIA ESTRUTURA, DEFLAGRA E TRANSFORMA A GRAM�TICA PRECEDENTE DA PINTURA EM PLANOS. ASSIM, A M�DIA (MEIO OU SUPORTE) DETERMINA A GRAM�TICA, O SENTIDO E CONSEQUENTEMENTE SEU EFEITO SOCIAL. SEGUINDO A LÓGICA DE MCLUHAN, MENSAGEM E CONTE�DO SE CONTRASTAM PORQUE O CONTE�DO SERIA, POR EXEMPLO, UMA MULHER QUE CHORA EM MULHER CHORANDO OU AS MAZELAS DA GUERRA CIVIL ESPANHOLA E O BOMBARDEIO DE AVI�ES ALEM�ES EM GUERNICA (OBRAS DE PICASSO), MAS A MENSAGEM SERIA O PRÓPRIO DESFAZER DA ILUS�O PERSPECTIVA �€ŒEM FAVOR DA APREENS�O SENSÓRIA INSTANT�NEA DO TODO�€ (MCLUHAN, 2005, P.27).
TOMANDO A M�XIMA DE MCLUHAN PARA UM EXEMPLO ATUAL, A DIFEREN�A ENTRE UMA POSTAGEM EM REDE SOCIAL QUE DEFENDE DETERMINADO POSICIONAMENTO POL�TICO DE OUTRA QUE APARENTEMENTE REFOR�A UM POSICIONAMENTO CONTR�RIO NÃO � ALGO TÃO RELEVANTE QUANTO SUA SEMELHAN�A. AFINAL, EST�O AMBOS OPERANDO A PARTIR DE ESTRUTURAS E PADR�ES DE LINGUAGEM SIMILARES (A PARTIR DE UM MESMO DESIGN COMPUTACIONAL) . ELAS EXPRESSAM, EM ALGUMA MEDIDA, A MESMA MENSAGEM, A MENSAGEM DO PRÓPRIO MEIO EM QUE SE VINCULAM.
MATERIAL E M�TODOS
OBJETOS CONTEMPOR�NEOS COMPLEXOS, COMO BIG DATA, NOS REMETEM � CONSEQUENTE NECESSIDADE DE CONCEBER METODOLOGIAS QUE CORRESPONDAM A SUAS NATUREZAS SUPERDIVERSAS. POR CONSEGUINTE, TEVE-SE EM VISTA, NA PRESENTE PESQUISA, A NECESSIDADE DE SE EXPANDIR FRONTEIRAS DISCIPLINARES, BUSCANDO EM ESTUDIOSOS DAS TECNOLOGIAS SUBS�DIOS TEÓRICOS PARA COMPREENS�O DA NATUREZA DOS NOVOS SUPORTES MIDI�TICOS. APARELHOS COMO COMPUTADORES E CELULARES COM ACESSO � WORLD WIDE WEB EST�O ACELERADAMENTE TRANSFORMANDO O PANORAMA DAS TROCAS LINGU�STICAS, POSSIBILITANDO QUE PR�TICAS COMUNICACIONAIS, A CADA DIA MAIS, REALIZEM-SE ATRAV�S DOS MESMOS.
ASSIM, TAIS OBJETOS NOS LEVAM A REAVALIAR NÃO APENAS AS FORMAS DE SE REALIZAR A PESQUISA LINGU�STICA, MAS CONSEQUENTEMENTE AS ESTRUTURAS DISCIPLINARES SOBRE AS QUAIS
PESQUISADORES ORIENTAM SUAS LINHAS DE INVESTIGA��O. O CEN�RIO DE DISCIPLINAS COMPARTIMENTADAS FAZ-SE CADA VEZ MAIS INADEQUADO � PESQUISA DE TEMAS CONTEMPOR�NEOS. OS PROCESSOS DE GLOBALIZA��O DAS �LTIMAS D�CADAS T�M REVELADO FEN�MENOS QUE EXIGEM DO PESQUISADOR A CAPACIDADE DE OPERAR PARA AL�M DAS FRONTEIRAS TRADICIONAIS QUE DELIMITAM OS CAMPOS DE UMA �REA ESPEC�FICA DO CONHECIMENTO. SEGUNDO EDGAR MORIN,
"H� INADEQUA��O CADA VEZ MAIS AMPLA, PROFUNDA E GRAVE ENTRE OS SABERES SEPARADOS, FRAGMENTADOS, COMPARTIMENTADOS ENTRE DISCIPLINAS, E, POR OUTRO LADO, REALIDADES OU PROBLEMAS CADA VEZ MAIS POLIDISCIPLINARES, TRANSVERSAIS, MULTIDIMENSIONAIS, TRANSNACIONAIS, GLOBAIS, PLANET�RIOS". (MORIN, 2003, P. 13)
APREENDER O PROCESSO DE SIGNIFICA��O DE UM SUPOSTO SISTEMA LINGU�STICO BIG DATA, ANCORADO EM RELA��ES DE VALOR ENTRE SIGNOS E CONTEXTOS DE SITUA��O, NOS LEVA � NECESSIDADE DE REPORTARMOS A UMA METODOLOGIA QUE BUSQUE ANTES UMA AMPLIA��O DO OBJETO DO QUE UM REDUCIONISMO PASS�VEL DE ANÁLISE. UMA POSS�VEL AMPLIA��O DO OLHAR SOBRE O OBJETO NÃO SE REFERE OBVIAMENTE A GERAR UMA QUANTIDADE CADA VEZ MAIOR DE DADOS, MAS SIM AO ENLARGUECIMENTO DOS CAMPOS DE CONHECIMENTO APLICADOS � PESQUISA. � DE SUMA IMPORT�NCIA COMPREENDER O QUE NOS TEM A DIZER TECNÓLOGOS SOBRE DADOS DIGITAIS, QUANDO SE PROP�EM A ANALISAR, POR EXEMPLO, ESPA�OS NA WEB. A PESQUISA DE CAR�TER INTERDISCIPLINAR ESTÁ VOLTADA PARA A INVESTIGA��O DE TEMAS CONTEMPOR�NEOS DE MAIOR COMPLEXIDADE, OBJETOS QUE NÃO MAIS SE LIMITAM �S ESTRUTURAS DE UMA DISCIPLINA ESPEC�FICA. O MESMO OCORRE COM A DELIMITA��O DE UM CORPUS AFUNILADO PARA OBJETOS QUE SÃO ABSOLUTAMENTE PLURAIS E QUE SE DESFAZEM AO SE ANALISAR APENAS UMA PARTE DO MESMO.
O DESAFIO DE COMPREENS�O DO OBJETO BIG DATA COLOCA EM CHEQUE NOSSOS TRADICIONAIS MODELOS DE INVESTIGA��O, ONDE A EXPERIMENTA��O METODOLÓGICA, SUA LIVRE CONSTRU��O AO LONGO DO PROCESSO, PARECE A SA�DA MAIS PERTINENTE. AFINAL, COMO 43 CLUSTER � O TERMO UTILIZADO PARA SE REFERIR A AGRUPAMENTO DE COMPUTADORES COM FINALIDADE DE PROCESSAR DADOS EM GRANDE QUANTIDADE. 78 INSISTE EM AFIRMAR FEYERABEND (1977), O PRINC�PIO QUE NÃO INIBE O AVAN�O CIENT�FICO �: �€ŒTUDO VALE�€ (FEYERABEND, 1977, P. 27). A POSI��O RADICAL DE FEYERABEND (1977) � RELEVANTE PARA A PESQUISA DE OBJETOS QUE EST�O NO CENTRO DA RECENTE IMPLOS�O DAS M�DIAS DIGITAIS, APENAS PORQUE AINDA NÃO SABEMOS COMO LIDAR COM SUA NATUREZA COMPLEXA. A ANÁLISE DOS OBJETOS DAS SOCIEDADES MARCADAS PELA SUPERDIVERSIDADE E ACELERADA TRANSFORMA��O TECNOLÓGICA EXIGE ASSIM A ATUALIZAÇÃO DE MODELOS DE PESQUISA. A INTENSIDADE DO REFERIDO FEN�MENO SOCIAL, NO BREVE PERCORRER DE DUAS D�CADAS, ESTIMULA ALTERNATIVAS EXPERIMENTAIS PARA O EMPREENDIMENTO DA INVESTIGA��O. A PARTIR DE ENT�O, A APROXIMA��O DE CARACTER�STICAS APRESENTADAS POR TEÓRICOS DAS NOVAS M�DIAS A CONCEITOS PRÓPRIOS DOS ESTUDOS DA LINGUAGEM PARECEU UM PROCEDIMENTO SENSATO PARA AVAN�ARMOS NA COMPREENS�O DOS EFEITOS DA RECENTE DIGITALIZA��O DAS PR�TICAS DE LINGUAGEM. AINDA FORAM UTILIZADOS AUTORES QUE AFINAM A RELAÇÃO DAS DUAS INST�NCIAS, COMO BLOMMAERT (2012/2013), RAJAGOPALAN (2013), VARIS E WANG (2011), DENTRE OUTROS.
RESULTADOS E DISCUSS�ƑO
A CR�TICA DE MCLUHAN (1964/2005) ESTÁ ANCORADA SOBRE A PERSPECTIVA DE QUE O MEIO NÃO � UM ELEMENTO �€ŒNEUTRO, UM MERO INSTRUMENTO, NEM SOMENTE O TRANSMISSOR�€ (SOUSA, CURVELLO, RUSSI, 2012) DA PR�TICA COMUNICACIONAL, ELE GUARDA PADR�ES DE UMA NOVA ESTRUTURA, DE UM NOVO AMBIENTE.
NA �LTIMA D�CADA, A COMUNICA��O HUMANA PASSOU A SE REALIZAR POR INTERM�DIOS MIDI�TICOS DE MODO SEM PRECEDENTES, SUSCITANDO MESMO ATOS P�BLICOS EM AMBIENTES OFF-LINE, MOBILIZADOS EM REDE, OU A UTILIZA��O DE M�DIAS QUE FREQUENTEMENTE COMPARTILHAM O FOCO COM INTERA��ES SOCIAIS OFF-LINE. A INFORMAÇÃO FOI GERADA E REPLICADA, FORMANDO AGRUPAMENTOS DE TEXTOS RELACION�VEIS, QUE SE HIBRIDIZAM EM HIPERTEXTOS FRENTE AOS USU�RIOS, INTERLOCUTORES DE UMA MASSA DIGITAL EM CONSTANTE EXPANS�O, QUE EST�O A TODO INSTANTE TAMB�M COLABORANDO PARA O AC�MULO E REPLICAGEM DE DADOS.
O AGRUPAMENTO DE DADOS DIGITAIS EM GRANDES ESCALAS (BIG DATA) PODE SER ASSIMILADO A PARTIR DE CONCEITOS DE VELOCIDADE, VOLUME E VARIEDADE (ZIKOPOULOS ET AL. 2012), CONJUNTAMENTE REFERIDOS POR 3VS. CONTE�DOS E FORMATOS DIVERSOS T�M SIDO ACUMULADOS EM GRANDE QUANTIDADE, COM UMA RAPIDEZ CRESCENTE.
O DESAFIO ATUAL PARA A UTILIZA��O DE DADOS DIGITAIS EM LARGA ESCALA COMPREENDE A DISTIN��O DE �€ŒDADOS ESTRUTURADOS�€ E �€ŒDADOS NÃO ESTRUTURADOS�€ (ZIKOPOULOS ET AL, 2012). O PRIMEIRO SE REFERE A UMA DETERMINADA QUANTIDADE DE INFORMAÇÃO QUE J� SE ENCONTRA ORGANIZADA EM UM BANCO DE DADOS ESPEC�FICO, J� EFICIENTE PARA ANÁLISE. O SEGUNDO, E AQUI SE COMPREENDE A MAIOR PARTE DO CONTE�DO LAN�ADO EM REDE, SE REFERE � INFORMAÇÃO QUE NÃO OBEDECE A UM PADR�O ORGANIZACIONAL. ATUALMENTE, EXISTEM EMPRESAS ESPECIALIZADAS NA ESTRUTURA��O DE DADOS PARA CLIENTES QUE PRETENDEM, POR MOTIVOS DIVERSOS, TER ACESSO A DADOS DIGITAIS ESTRUTURADOS. MUITOS SÃO OS EXEMPLOS QUE PODEMOS LISTAR SOBRE A UTILIZA��O DO BIG DATA POR DIFERENTES ORGANIZA��ES E INTEN��ES. UM DOS MAIS COMENTADOS CASOS FOI A UTILIZA��O DE DADOS EM MASSA PELOS ESTRATEGISTAS NA CAMPANHA DE REELEI��O DO PRESIDENTE AMERICANO BARACK OBAMA. UM EXTENSO BANCO DE DADOS FOI ESTRUTURADO COM A INTEN��O DE ANGARIAR NÃO APENAS VOTOS, MAS TAMB�M APOIO FINANCEIRO � CAMPANHA, LEVANDO EM CONTA ASPECTOS INDIVIDUAIS DE CADA POSS�VEL APOIADOR.
"IMAGINE UMA M�E DE DUAS CRIAN�AS QUE VIVE EM UMA CIDADEZINHA NO ESTADO DE OHIO, NO CENTRO-OESTE DOS ESTADOS UNIDOS [...]. SEUS FILHOS ESTUDAM EM ESCOLA PÚBLICA. ELA COSTUMA TUITAR SOBRE O MEIO AMBIENTE E AINDA MANT�M UMA P�GINA NO FACEBOOK SOBRE COMIDA ORG�NICA. TUDO ISSO FICARIA REGISTRADO NO BANCO DE DADOS DA EQUIPE DE OBAMA. �€ŒA CAMPANHA MANDARIA PARA ELA E-MAILS DE MICHELLE OBAMA SOBRE AS POL�TICAS AMBIENTAIS PLANEJADAS PELO PRESIDENTE E SOBRE EDUCAÇÃO P�BLICA�€, AFIRMA O CONSULTOR ANDREW RASIEJ" (MORAES, 2005).
EM CAMINHO DIVERGENTE DOS OTIMISTAS DA NOVA REALIDADE VIRTUAL DE DADOS ACUMULADOS E SUAS POSSIBILIDADES DE APLICA��O EXTRA-HUMANAS, O CIENTISTA DA COMPUTAÇÃO
JARON LANIER (2010) TECE UMA CR�TICA � IDEOLOGIA DA SINGULARIDADE, AO ATUAL MODELO DA WEB 2.0 E CONSEQUENTEMENTE � SUA NATUREZA DE BIG DATA, ALEGANDO QUE ESTAMOS LIDANDO COM UM DESIGN COMPUTACIONAL PREVIAMENTE CONFIGURADO PARA A ALIENA��O DO SUJEITO, TORNANDO-O CADA VEZ MAIS PARTE DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO AO INV�S DE AUT�NOMO FRENTE � TECNOLOGIA. O AUTOR DEFENDE QUE A OP��O POR SOFTWARES J� PROGRAMADOS TORNAM AS PESSOAS LIMITADAS FRENTE �S POSSIBILIDADES QUE PODERIAM SE ABRIR PARA ESTRUTURAS PR�-PROGRAM�VEIS PELO PRÓPRIO USU�RIO. OS ATUAIS MODELOS DE INTERFACE SÃO ANTERIORMENTE ELABORADOS LEVANDO EM CONTA ESTRAT�GIAS PARA OBTEN��O DE LUCRO PARA AS PRÓPRIAS EMPRESAS DE TECNOLOGIA COMO O GOOGLE.
SEGUNDO O AUTOR, SOFTWARES EST�O SUJEITOS A �€ŒAPRISIONAMENTO TECNOLÓGICO" NA MEDIDA EM QUE PROGRAMAS E SEUS CONSEQUENTES DESIGNS TORNAM-SE UM PADR�O PARA UMA S�RIE DE OUTROS SOFTWARES QUE DELE SE DESDOBRAM, EM OUTRAS PALAVRAS, QUANDO PROGRAMAS SÃO PROJETADOS A PARTIR DE UM OUTRO J� EXISTENTE.
FORMA-SE COM ISSO UMA MASSA DE ESTRUTURAS PADRONIZADAS, QUE CONSEQUENTEMENTE T�M EFEITOS SOBRE A VIDA SOCIAL. A IDEOLOGIA DE ACESSO LIVRE A DADOS, SEGUNDO LAINER (2010), GUARDA UMA IRONIA, POIS A LIBERDADE NA WEB ESTARIA PROMOVENDO MAIOR LIBERDADE �S M�QUINAS DO QUE �S PRÓPRIAS PESSOAS, � MEDIDA QUE INDIV�DUOS PASSAM A ATUAR ANONIMAMENTE NA FORMA��O DE UMA INTELIG�NCIA ARTIFICIAL COMUM E LIMITADORA. A PARTIR DE ENT�O, PR�TICAS DE COMUNICA��O IMPESSOAL ESTARIAM REBAIXANDO A INTERA��O PESSOAL EM UM PROCESSO DE DESUMANIZA��O ACARRETADO POR OP��ES DE DESIGN COMPUTACIONAL PREVIAMENTE DETERMINADOS.
DE ACORDO COM LANIER, O DESIGN DA WEB ATUAL NÃO FOI PROPOSTO AO ACASO, POIS NO IN�CIO DA D�CADA DE NOVENTA (1990) HAVIA DEZENAS DE FORMATOS VI�VEIS PARA A TROCA DE INFORMA��ES DIGITALIZADAS EM REDE. COMO CONSEQU�NCIA, A PRODUTIVIDADE VOLUNT�RIA E AN�NIMA TORNOU-SE UMA COMMODITY LUCRATIVA PARA EMPRESAS DO RAMO. LANIER (2010) ESCLARECE QUE PEQUENAS DIFEREN�AS NO DESIGN DE DETERMINADO SOFTWARE PODEM SE DESDOBRAR EM MUDAN�AS SIGNIFICATIVAS NA RELAÇÃO DO SUJEITO COM A INTERFACE E CONSEQUENTEMENTE NAS RELA��ES INTERPESSOAIS, SENDO QUE O TRABALHO DA CRIA��O EM TECNOLOGIA DA COMPUTAÇÃO DEVE ESTAR ALIADO A UM COMPROMISSO SOCIAL. O AUTOR ENXERGA QUE EXISTE UMA IDENTIDADE ENTRE O USU�RIO DE UMA INTERFACE DIGITAL E A PRÓPRIA M�QUINA, POIS AO SE RELACIONAR COM O COMPUTADOR O USU�RIO PASSA A FAZER PARTE, EM ALGUMA MEDIDA, DA PRÓPRIA DESENVOLTURA TECNOLÓGICA, POIS CARACTER�STICAS DE DESIGN ESTIMULAM DIFERENTES POSSIBILIDADES DE INTERA��O.
PARA LANIER (2010), ASSIM, O DESIGN COMPUTACIONAL, VINCULADO A APRISIONAMENTOS TECNOLÓGICOS DOS PRÓPRIOS DESIGNS PRECEDENTES, ESTÁ DIRETAMENTE RELACIONADO �S CAPACIDADES DE SE EXPRESSAR EM AMBIENTES DIGITAIS; ENQUANTO O APRISIONAMENTO TECNOLÓGICO TORNA-SE UM EMPECILHO PARA QUE SE VISLUMBRE NOVAS PROPOSTAS DE CONFIGURA��O DESSES MESMOS AMBIENTES. ANALISANDO A WEB 2.0, SUA NATUREZA DE LIVRE COMPARTILHAMENTO DE DADOS, LANIER (2010) APONTA PARA O FATO DE QUE ENQUANTO USU�RIOS TRANSFEREM LIVREMENTE DADOS EM LARGA ESCALA, A PARTIR DE MODELOS PR� PROJETADOS PARA ESSE
MESMO FIM, CONGLOMERADOS EMPRESARIAIS, COM DOM�NIO SOBRE O FLUXO DA INFORMAÇÃO, A TRANSFORMA EM COMMODITIES. O USU�RIO DE REDES SOCIAIS COMO FACEBOOK, TWITTER, YOUTUBE, DENTRE OUTROS CENTROS DIGITAIS PARA COMPARTILHAMENTO DE DADOS, OPERANDO LIVREMENTE A PARTIR DE DESIGNS PR�-CONCEBIDOS PARA FLUXO DE DADOS EM LARGA ESCALA, TORNA-SE O PRÓPRIO PRODUTO OU O LIVRE FORNECEDOR DA MERCADORIA QUE SER� COMERCIALIZADA: SEUS GOSTOS EST�TICOS, PADR�ES DE COMPORTAMENTO ETC. ENQUANTO OS GRANDES CONGLOMERADOS EMPRESARIAIS LUCRAM COM A LIVRE TRANSFER�NCIA DE DADOS, USU�RIOS TROCAM INFORMA��ES EM VOLUME E VELOCIDADE CRESCENTES.
PORTANTO, PARA LANIER (2010), O DESIGN DA WEB 2.0, PREVIAMENTE DETERMINADO POR EMPRESAS COMPUTACIONAIS, TEM EFEITOS CAUSAIS SOBRE O MODO COMO USU�RIOS PASSAM A SE RELACIONAR COM AS DEMAIS ESFERAS DA VIDA. O TERMO �€ŒAFFORDANCE�€, ORIGINALMENTE UTILIZADO POR GIBSON (1986), NOS REMETE EXATAMENTE � INFLUÊNCIA QUE O DESIGN DE DETERMINADO AMBIENTE TEM SOBRE O SUJEITO. �€ŒAFFORDANCE�€ ADV�M DO VERBO EM INGLÊS �€ŒTO AFFORD�€, OU SEJA, �€ŒPERMITIR�€, E ESTÁ RELACIONADO, SEGUNDO ESSE AUTOR, � CAPACIDADE DE UM MEIO, EM FUN��O DE SUA NATUREZA F�SICA, ORIENTAR OU PERMITIR ESPEC�FICAS RELA��ES COM O MESMO. PODEMOS DIZER, EM OUTRAS PALAVRAS, QUE �€ŒAFFORDANCE�€ � O TERMO QUE DESIGNA DE QUE MODO CARACTER�STICAS DE UM MEIO OU OBJETO INFLUENCIAM, POR SI SÓ, FORMAS DE INTERA��O. COMO EXEMPLO, GIBSON (1986) NOS REMETE � MAIS B�SICA DAS ESTRUTURAS, O SOLO: SE UMA SUPERF�CIE TERRESTRE � QUASE HORIZONTAL (EM VEZ DE INCLINADA), QUASE PLANA (EM VEZ DE CONVEXA OU C�NCAVA), SUFICIENTEMENTE AMPLA (EM RELAÇÃO AO TAMANHO DO SUJEITO), E SE O SEU CONTE�DO � R�GIDO (EM RELAÇÃO AO PESO DO SUJEITO), CONSEQUENTEMENTE PROPORCIONA A A��O DE ESTAR DE P�. NO ENTANTO, SE UMA SUPERF�CIE DE APOIO, TAMB�M COM AS QUATRO PROPRIEDADES ACIMA MENCIONADAS, ENCONTRA-SE � ALTURA DOS JOELHOS E ACIMA DO SOLO, PROPORCIONA AO SUJEITO A POSSIBILIDADE DE SE SENTAR. DESSE MODO, SEGUNDO O AUTOR, �€ŒDIFERENTES LAYOUTS PROPORCIONAM COMPORTAMENTOS DIFERENTES �€ (GIBSON, 1986, P. 128). GIBSON (1986) ABORDA A QUESTÃO EXEMPLIFICANDO A��ES NO MUNDO ANIMAL. ECOLOGISTAS SE REFEREM AO MEIO EM QUE DETERMINADO ANIMAL SE ENCONTRA COMO �€ŒNICHO�€. PARA GIBSON, NICHOS SÃO CONJUNTOS DE AFFORDANCES ORIENTANDO DIFERENTES MODOS DE A��O PARA CADA ANIMAL. �€ŒEM ECOLOGIA UM NICHO � UMA CONFIGURA��O DE CARACTER�STICAS AMBIENTAIS QUE SÃO ADEQUADAS PARA UM ANIMAL, NO QUAL ELE SE ENCAIXA, METAFORICAMENTE �€ (GIBSON, 1986, P. 129). DE ACORDO COM O AUTOR, FAZ-SE IMPORTANTE COMPREENDER QUE AFFORDANCES EST�O RELACIONADOS A SENTIDOS F�SICOS, AO CONTR�RIO DE VALORES E SIGNIFICADOS, OS QUAIS SE SUP�E SER DADOS MENTAIS E SUBJETIVOS.
"NOS �LTIMOS MIL ANOS, COMO TODO MUNDO AGORA PERCEBE, A PRÓPRIA FACE DA TERRA FOI MODIFICADA PELO SER HUMANO. O LAYOUT DAS SUPERF�CIES FOI ALTERADO, CORTANDO, LIMPANDO, A PARTIR DE NIVELAMENTO, PAVIMENTA��O E CONSTRU��O. DESERTOS NATURAIS E MONTANHAS, P�NTANOS E RIOS, FLORESTAS E PLAN�CIES AINDA EXISTEM, MAS EST�O SENDO INVADIDAS E REMODELADAS POR LAYOUTS FEITOS PELO SER HUMANO. AL�M DISSO, AS SUBST�NCIAS DO AMBIENTE FORAM PARCIALMENTE CONVERTIDAS, A PARTIR DOS MATERIAIS NATURAIS DA TERRA, EM V�RIOS TIPOS DE MATERIAIS ARTIFICIAIS, COMO (...) O CONCRETO" . (GIBSON, 1986, P. 129)
ASSIM COMO HOUVE TRANSFORMA��O NO MEIO AMBIENTE NATURAL, MODIFICANDO OS N�VEIS DE RELAÇÃO DO SUJEITO COM O ESPA�O E MESMO ENTRE OS PRÓPRIOS INDIV�DUOS, MUITAS VEZES NOS LEVANDO A DESCONSIDERAR DE QUE MODO O ESPA�O � DESENVOLVIDO A DETERMINAR A��ES ESPEC�FICAS, ASSISTIMOS NAS �LTIMAS D�CADAS A UMA TRANSFORMA��O DOS MEIOS ATRAV�S DOS QUAIS SE DÃO AS MAIS B�SICAS RELA��ES DA LINGUAGEM. ASSIM COMO PAISAGENS NATURAIS FORAM GRADUALMENTE SUBSTITU�DAS POR NIVELAMENTOS E CONCRETOS, A FALA, ELEMENTO DA COMUNICA��O HUMANA, TEM SIDO SUBSTITU�DA (EM MUITOS E CONSIDER�VEIS MOMENTOS) POR MEIOS ARTIFICIAIS (TECNOLÓGICOS) POR ONDE SE MATERIALIZA A LINGUAGEM.
CONCLUSဢES
SE MCLUHAN (1963/2005) ESTIVER CERTO, AO TRANSCORRER POR MEIOS DE VOLUME, VARIEDADE E VELOCIDADE MASSIVOS E SINCRONICAMENTE FENDIDOS, A LINGUAGEM PODER� CORRESPONDER APRESENTANDO INTEN��ES SEMELHANTES. AFINAL, SE O MEIO � A MENSAGEM, PORQUE � ELE QUE CONTROLA E CONFIGURA AS ESCALAS DAS ASSOCIA��ES E A��ES, ANCORAGEM SEM�NTICA E PERFORMATIVIDADE ONLINE REFLETEM DE MODO ESCALAR OS PRÓPRIOS MEIOS ARTIFICIAIS: AFFORDANCES QUE MODULAM, COMO CONSEQU�NCIA, AS ASSOCIA��ES (ELEMENTO B�SICO PARA O PROCESSO SEM�NTICO ) E A��ES VIA LINGUAGEM.
O BIG DATA, AO ALTERAR TODA A PERSPECTIVA CONTEXTUAL, NOS COLOCA FRENTE A UM DESAFIO: MEDIR SEUS EFEITOS SOBRE A LINGUAGEM, DADA A NATUREZA DESMEDIDA E SUPERDIVERSA DOS NOVOS MEIOS. AS ESCALAS DE TEMPO, ESPA�O E AMPLITUDE SOCIAL EST�O EM N�VEIS AMPLOS E INACESS�VEIS AO USU�RIO COMUM, NO ENTANTO, TORNA-SE INDISPENS�VEL INDAGAR A RESPEITO DE SUAS DIN�MICAS E CONSEQUENTES EFEITOS SOBRE A LINGUAGEM. A ALTERA��O DE ESCALAS DE CONTEXTO, DECORRENTES DAS PRÓPRIAS CARACTER�STICAS E PADR�ES DOS MEIOS, DEFLAGRAM ATUALIZA��ES NO MODO COMO COMPREENDEMOS A NATUREZA DA LINGUAGEM. NO QUE COMPETE � ANCORAGEM DO SIGNIFICADO, O USU�RIO TENDE A PREENCHER AS AUS�NCIAS DE MARCADORES CONTEXTUAIS DE MODO EXPERIMENTAL , E NO QUE DIZ RESPEITO � PERFORMATIVIDADE LINGU�STICA EM AMBIENTES VIRTUAIS, O MEIO, ENQUANTO SUPORTE PARA A PRODUÇÃO DA LINGUAGEM, ESTÁ DIRETAMENTE RELACIONADO AO �€ŒO QUE SE FAZ AO DIZER ON-LINE�€. AFINAL, O QUE SÃO HACKERS SEN�O SUJEITOS QUE AO DOMINAREM AS FERRAMENTAS DOS MEIOS TORNAM-SE CAPAZES DE A��ES QUE EXTRAPOLAM OS N�VEIS ORDIN�RIOS DE INTERA��O NO AMBIENTE VIRTUAL?

Published

2018-07-25