VITIMIZAÇÃO QUATERNÁRIA, A PROLIFERAÇÃO DAS INFORMAÇÕES E A MÍDIA NA CONSTRUÇÃO DO MEDO DE SER VÍTIMA
Keywords:
Palavras-chave: Criminologia; Vitimologia; Vitimização Quaternária; Informações; Ataques às escolas.Abstract
A presente pesquisa cognominada “A vitimização quaternária e a proliferação das informações: a mídia na construção do medo de ser vítima” tem como objetivo geral analisar como a pulverização de informações promovida pela esfera midiática influencia diretamente no crescimento da vitimização quaternária, como exemplo, nos ataques às escolas. A problemática arguida foi: seriam os mecanismos de divulgação de informações os responsáveis pelo sentimento de medo que gera a vitimização quaternária? Para tanto, empregou-se como metodologia a pesquisa bibliográfica, por meio da análise secundária e qualitativa das obras pertinentes. No que tange à vitimização, torna-se imprescindível apontá-la como um novo estudo da criminologia, haja vista a necessidade de analisar o temor de ser vítima como sendo também uma forma de vitimização. Assim, nasce a vitimização quaternária e uma ideia de vitimização que afeta a sociedade como um todo e se difunde por meio das notícias do crime. Para a vitimização quaternária não poderia ser confundida com o um medo simples, mas com uma série de processos de insegurança, mesmo que falsos que levam o indivíduo a temer por sua segurança e mudando seus hábitos para suprimir ou solucionar este temor. À vista da inteligência dos doutrinadores, cumpre destacar que existe, atualmente, um uso das mídias voltado para fins lucrativos, o que tem levado ao crescimento de veículos sensacionalistas ou que não se comprometem com a verdade. Esses meios retratam tragédias ocasionais como se fossem alarmantes e recorrentes, dominando o espaço da opinião pública por meio do sensacionalismo, como também atua como forma de monetizar esse ambiente com notícias impactantes. Nesse ínterim, a obra La Société du spectacle – A Sociedade do Espetáculo retrata como a realidade é transmitida por meio das imagens e da falsa realidade em que a mídia se baseia para empreender a disseminação notícias geradas. Sendo assim, os professores André Luís Callegari e Marília Fontenele instituíram a Criminologia Midiática, qual apontou que trata-se de um conhecimento superficial e simplificado sobre questões criminais, sem qualquer base científica e marcado pelo excesso de apelo emocional e pelo uso do senso comum. Partindo dessa premissa, a Criminologia Midiática, embora seja uma área de estudo recente, já tem gerado amplo debate na academia. Seu objetivo é examinar e entender as complexas interações entre a mídia, o crime e o sistema de justiça criminal. Diante do exposto, verifica-se que a ascensão da midiatização de casos criminais direciona a população para uma figura de refém do medo, o que torna a pulverização dessas informações nociva à sociedade. Como exemplo, o presente estudo traz para discussão os ataques às escolas. Nesse enfoque, a vitimização quaternária ganha palco, pois traduz, contudo, o cenário em que a recorrência de ataques afeta profundamente o bem-estar psicológico da população. A sensação de vulnerabilidade e medo pode se espalhar, especialmente entre pais, professores e estudantes. A comunidade escolar, em particular, se vê forçada a reconsiderar medidas de segurança e protocolos de emergência.
Conclui-se, por tudo que se expõe, que o estudo em tela pode inferir que a vitimização quaternária emerge como um conceito relevante para compreender esse fenômeno. Caracterizada por um medo exacerbado e infundado de se tornar vítima, essa forma de vitimização afeta profundamente o bem-estar psicológico das pessoas, induzindo-as a adotar comportamentos preventivos e alterando seus hábitos diários. Portanto, a sensação de vulnerabilidade, amplificada pela mídia e rumores, gera apreensão sem que haja ameaças reais.
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