A MERCANTILIZAÇÃO INTELECTUAL DO DISCENTE ATRAVÉS DA IA: RELATO CRÍTICO
Palavras-chave:
Inteligência artificial, Educação, CogniçãoResumo
Trata-se de relato de experiência empírico, que visa problematizar o uso massificado de Inteligencias Artificias (IAs) generativas por estudantes. O foco não está na IA como ferramenta mediadora em contextos supervisionados de aprendizagem, mas sim no seu uso não regulado. A observação buscou documentar os modos como estudantes usam IAs no fluxo regular de suas atividades, assim como a forma que tal uso impacta nas escolhas terminológicas, formais e argumentativas. O objetivo central é demonstrar como tais práticas contribuem para a formação de uma ideografia padronizada. A análise adotada foi qualitativa, crítica e interpretativa — voltada a compreender significados, impactos e implicações sociopolíticas, não a quantificar eficiências operacionais. Esta análise se organiza em três eixos: (1) identificação da ideografia produzida por práticas mediadas por IA; (2) leitura crítica à luz de Mark Fisher e Donna Haraway; (3) articulação com o conceito de ideografia dinâmica proposto por Pinheiro (2025) e com a figura do tecnofeudalismo enquanto estrutura de extração epistêmica.
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