Alteridades e saúde indígena: uma reflexão sobre intervenções sociais estatistas
Resumo
Este artigo aborda uma discussão sobre saúde a partir da negociação de conhecimentos indígenas e não indígenas sobre água potável. O tema é pertinente para problematizar algumas intervenções estatísticas de saúde visando a melhoria das condições de vida das populações indígenas e sua efetividade. Utilizando a experiência de um dos autores, que integrou uma equipe que tinha a incumbência de propor um monitoramento da água adequada ao consumo na região do alto rio Negro, no Amazonas, foi possível analisar à luz dos aportes teóricos de Langdon (2004), Buchillet (2004), Carlos Júnior (2014), Giatti; Cutolo (2014), entre outros, a razão das dificuldades encontradas por eles. Logo, o texto se utiliza de um relato autobiográfico de um dos autores, com os devidos cuidados éticos de identificações, contando com a abordagem antropológica da saúde. Foi possível perceber que o encontro dos saberes indígenas e com os saberes científicos sempre resultarão numa troca de perspectivas sobre lógicas distintas de entender o mesmo fenômeno, levando muitas intervenções como essas a não lograr êxito, por não haver o desejado diálogo, a partir da legitimidade dos conhecimentos indígenas.