CONDIÇÕES SANITÁRIAS E DE SAÚDE BÁSICA DE COMUNIDADES QUILOMBOLAS DO BRASIL
Palavras-chave:
Saúde Pública, População Vulnerável, Quilombolas.Resumo
INTRODUÇÃO:AS COMUNIDADES REMANESCENTES DE QUILOMBOS POSSUEM TRAJETÓRIA PRÓPRIA E RELAÇÕES TERRITORIAIS ESPECÍFICAS, COM JACTÂNCIA DE ANCESTRALIDADE NEGRA. EM SUA MAIORIA, UMA COMUNIDADE QUILOMBOLA É IDENTIFICADA PELA SUA IDENTIDADE ÉTNICA, PELA FORMA PARTICULAR EM QUE SE ORGANIZAM SOCIALMENTE, E POR POVOAREM ZONAS RURAIS (ANJOS ET AL., 2006). ESTÃO ENTRE AS COMUNIDADES VULNERÁVEIS MAIS POBRES, ESQUECIDOS E DESCONHECIDOS DA SOCIEDADE. SENDO ASSIM, POSSUEM CARÊNCIA QUANTO AO ATENDIMENTO DOS SERVIÇOS SOCIAIS, TENDO ENTÃO, O SURGIMENTO DE DOENÇAS, DE MODO QUE, OS HABITANTES DO QUILOMBO PRECISAM PERCORRER GRANDES DISTÂNCIAS EM BUSCA DE ATENDIMENTO À SAÚDE (SILVESTRE ET AL., 2011). OS QUILOMBOLAS VIVEM TAMBÉM SOBRE CONDIÇÕES SANITÁRIAS PRECÁRIAS, EM SUA MAIORIA, NÃO POSSUI ÁGUA TRATADA E ESGOTO SANITÁRIO (SILVESTRE ET AL., 2011). RESSALTANDO QUE, AS CONDIÇÕES DO QUADRO NATURAL INFLUENCIAM DIRETAMENTE AS CONDIÇÕES SANITÁRIAS E INDIRETAMENTE AS CONDIÇÕES DE SAÚDE (FREITAS ET AL., 2011).
METODOLOGIA: O ESTUDO REFERE-SE A UMA REVISÃO INTEGRATIVA, EM QUE, REALIZOU-SE A SÍNTESE DE MÚLTIPLOS ESTUDOS PUBLICADOS, QUE PERMITIU A ANÁLISE DE PESQUISAS QUE FORNEÇAM SUBSÍDIOS PARA TOMADAS DE DECISÕES, E TAMBÉM POSSIBILITOU SINTETIZAR O CONHECIMENTO SOBRE O ASSUNTO PARA O PREENCHIMENTO DE LACUNAS ENCONTRADAS NA LITERATURA. A COLETA DE DADOS FOI REALIZADA EM ABRIL DE 2018, POR MEIO DAS BASES DE DADOS: BIBLIOTECA VIRTUAL DE SAÚDE (BVS), LITERATURA INTERNACIONAL EM CIÊNCIAS DA SAÚDE (MEDLINE) E GOOGLE SCHOLAR. A FRASE NORTEADORA PARA PESQUISA E SELEÇÃO DOS ARTIGOS FOI “CONDIÇÕES SANITÁRIA E DE SAÚDE DE COMUNIDADES QUILOMBOLAS”. FORAM UTILIZADOS COMO CRITÉRIO DE INCLUSÃO: ESTUDOS PUBLICADOS NA INTEGRA E COM DISPONIBILIDADE INTEGRAL PELO ACESSO ON-LINE E GRATUITO NAS PLATAFORMAS ACIMA CITADAS, NO IDIOMA PORTUGUÊS E, BUSCOU-SE REPRESENTAR AS COMUNIDADES QUILOMBOLAS DISTRIBUÍDAS PELAS REGIÕES DO BRASIL. FORAM UTILIZADOS COM CRITÉRIO DE EXCLUSÃO: O TÍTULO DO ARTIGO, EM QUE, FOI AVALIADO A COERÊNCIA COM A FRASE OU PALAVRAS-CHAVES NORTEADORAS; POSTERIORMENTE, FEZ-SE A AVALIAÇÃO DO RESUMO E VERIFICOU SE O MESMO TRATAVA DOS ASSUNTO ABORDADO, E POR FIM, A LEITURA COMPLETA DO ARTIGO, ACEITANDO-O, CASO O MESMO POSSUI-SE AS INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS PARA REALIZAÇÃO DO PRESENTE ESTUDO. FORAM ENCONTRADOS EM MÉDIA 22 ARTIGOS QUE ABORDAVAM O TEMA E, POSTERIORMENTE, FOI REALIZADA A SELEÇÃO COM BASE NOS CRITÉRIOS DE INCLUSÃO. ESCOLHEU-SE 15 ARTIGOS POR POSSUÍREM AS INFORMAÇÕES DESEJADAS. DESTES, FORAM COLETADOS OS DADOS DAS CONDIÇÕES SANITÁRIAS E DE SAÚDE DAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS QUE JÁ PASSARAM POR ESTUDOS DESTA NATUREZA, E COPILADOS EM UMA TABELA NO PROGRAMA EXCEL.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: O PRIMEIRO PARÂMETRO AVALIADO FOI “O MEIO DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS”. DOS 15 ARTIGOS ANALISADOS, VERIFICOU-SE QUE BOA PARTE DAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS DECLARARAM POSSUIR POÇO ARTESIANO EM CASA. HÁ TAMBÉM AÇUDES, NASCENTES, CISTERNAS E CACIMBAS, SENDO ESTAS OS PRINCIPAIS MEIOS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA. PORÉM, A MAIORIA RELATOU NÃO POSSUIR TRATAMENTO ADEQUADO, OS POUCOS QUE POSSUEM UTILIZAM FOSSA SÉPTICA. ALGUNS DOS MORADORES RELATARAM O USO DE TÉCNICAS PARA PURIFICAÇÃO DA ÁGUA COMO FILTRAR, FERVER E OU ADICIONAR QUANTIDADE MODERADA DE HIPOCLORITO DE SÓDIO. COM RELAÇÃO À MANUTENÇÃO DE SUAS REDES DE RECURSO HÍDRICO, HÁ RECLAMAÇÕES DEVIDO AO DESCASO DO PODER PÚBLICO EM DAR APOIO NECESSÁRIO (MELO E SILVA, 2015). NO QUE SE REFERE ÀS PATOLOGIAS, A HIPERTENSÃO FOI A DE MAIOR OCORRÊNCIA NOS 15 ARTIGOS SELECIONADOS, SEGUIDA POR DIABETES E OBESIDADE. SABE-SE QUE A HIPERTENSÃO É UMA DOENÇA CRÔNICA, PODENDO SER GERADA POR VÁRIAS CAUSAS ENTRE AS QUAIS ESTÁ A CONDIÇÃO DE VIDA LEVADA PELO INDIVIDUO, DETERIORANDO A FUNCIONALIDADE DO ORGANISMO. (VELTEN ET AL., 2013). ESTUDOS COMPROVAM QUE CASOS DE HIRPERTENSÃO SÃO MAIS FREQUENTES EM NEGROS, COM MAIOR COMPLICAÇÕES E EVOLUÇÕES NO SEXO FEMININO, EM QUE, SUAS MANIFESTAÇÕES ACENTUAM-SE DEVIDO À FATORES HORMONAIS (BARRETO ET AL., 1993). ALGUNS TRABALHOS, CITARAM, BICHO DE PÉ, EDENTULISMO E CÁRIE, COMO DOENÇAS. ENTRETANTO, ESSAS OCORRÊNCIAS SÃO CASOS DE SAÚDE PÚBLICA OCASIONADOS PELA FALTA DE SANEAMENTO BÁSICO, SENDO ESTÁ UMA DAS PRINCIPAIS NECESSIDADES RELATADAS PELOS QUILOMBOLAS. (PINHO ET AL.,2015). VERIFICOU-SE QUE A MAIORIA DOS TRATAMENTOS DE SAÚDE SÃO REALIZADOS EM PSF’S, POSTO DE SAÚDE E HOSPITAL. OS MORADORES RECLAMAM DA FALTA DE ACESSIBILIDADE AOS SERVIÇOS DE SAÚDE, UMA DAS JUSTIFICATIVAS DADA PELOS MESMOS É A INEFICIÊNCIA DA COBERTURA DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE FRENTE AS DIFICULDADES DE ACESSO ENCONTRADAS, PRINCIPALMENTE EM QUILOMBOS DE ZONA RURAL (VIEIRA E VIEIRA, 2011). A CLASSIFICAÇÃO DE RISCO NA MAIOR PARTE DOS ARTIGOS APONTA OS QUILOMBOLAS COMO PERTENCENTES AO GRUPO DE ALTO RISCO. APENAS UM DOS TRABALHOS EM QUESTÃO MOSTRA-OS COMO DE MÉDIO RISCO. A CATEGORIZAÇÃO DE RISCO É FEITA PARA QUE POSSAM SE DETERMINAR AS PRIORIDADES NO ATENDIMENTO LEVANDO EM CONSIDERAÇÃO O GRAU DE VULNERABILIDADE E SITUAÇÃO DE RISCO DE UMA FAMÍLIA. É FEITA ATRAVÉS DA SELEÇÃO DE INFORMAÇÕES DA FICHA A PARA A AVALIAÇÃO DA SITUAÇÃO EM QUE AS FAMÍLIAS SE ENCONTRAM NO SEU DIA-A-DIA, BASEADO NO PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DA EQUIDADE DO SUS (PINHO ET AL., 2015).ESSA INDICAÇÃO FUNCIONA COMO NORTEADOR PARA VISAR SUPRIR A CARÊNCIA DESSA POPULAÇÃO NO TOCANTE AO AMBIENTE AO QUAL ESTÃO INSERIDOS, UMA VEZ QUE, POR PERTENCEREM A COMUNIDADES QUE EM SUA MAIORIA DISPÕEM DE POUCA INFRAESTRUTURA E SANEAMENTO BÁSICO INEXISTENTE OU PRECÁRIO, DESENCADEIA PROBLEMAS DE SAÚDE DIMINUINDO TAMBÉM A QUALIDADE DE VIDA, DADO QUE, HISTORICAMENTE OS NEGROS SÃO ESTIGMATIZADOS, SOFRENDO COM PRECONCEITO, SEGREGAÇÃO ESPACIAL E SOCIAL E OUTRAS MAZELAS QUE OS AFETAM (SILVA, 2007).
CONCLUSÃO:AS CONDIÇÕES DE SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE DAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS BRASILEIRAS AINDA SÃO BASTANTE PRECÁRIAS. DEVIDO A MAIORIA DOS QUILOMBOS LOCALIZAREM-SE EM ZONAS RURAIS, O ACESSO AOS LOCAIS DE SAÚDE, ASSIM COMO A VISITA DOS AGENTES DE SAÚDE, SÃO DIFÍCEIS E COM BAIXA FREQUÊNCIA, AUMENTANTO ASSIM A INCIDÊNCIA DE DOENÇAS COMUNS, COMO TAMBÉM O GRAU DE VULNERABILIDADE DAS FAMÍLIAS RESIDENTES NAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS.
REFERÊNCIAS:
BARRETO, N. D. M., PACHECO, J. R. B., MARINS S. R., MAGALHÃES C. F., CARDOSO, G.P., HOUAISS, M. PREVALÊNCIA DA HIPERTENSÃO ARTERIAL NOS INDIVÍDUOS DE RAÇA NEGRA. ARQUIVO BRASILEIRODE MEDICINA.V. 67, N. 1, P. 449-451, 1993.
FREITAS, D. A, CABALLERO, A. D., MARQUES, A. S., HERNÁNDEZ, C. I. V., ANTUNES, S. L. N. O. SAÚDE E COMUNIDADES QUILOMBOLAS: UMA REVISÃO DA LITERATURA. REVISTA CEFAC, V. 13, N. 5, P. 937-943, 2011.
MELO, M. F. T.; SILVA, H. P. DOENÇAS CRÔNICAS E OS DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE EM COMUNIDADES QUILOMBOLASDO PARÁ, AMAZÔNIA, BRASIL. REVISTA DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES/AS NEGROS/AS (ABPN), V. 7, N. 16, P. 168-189, 2015.
PINHO, L.; DIAS, R. L.; CRUZ, L. M. A., VELLOSO, N. A. CONDIÇÕES DE SAÚDE DE COMUNIDADE QUILOMBOLA NO NORTE DE MINAS GERAIS.REVISTA DE PESQUISA CUIDADO É FUNDAMENTAL ONLINE, V. 7, N. 1, P. 1847-1855, 2015.