USO DE REDES SOCIAIS POR ACADÊMICOS DE MEDICINA: UMA QUESTÃO ÉTICA

Autores

  • Danillo Pedro Mendes Silva Faculdade de Medicina de Goianésia
  • Karynne Milhomem Sousa Holme Machado Faculdade de Medicina de Goianésia

Palavras-chave:

estudantes de medicina, dependência de internet, redes sociais.

Resumo

INTRODUÇÃO: SABE-SE QUE REDES SOCIAIS, COMO O FACEBOOK E INSTAGRAM, VÊM SENDO AMPLAMENTE UTILIZADOS POR ACADÊMICOS DE MEDICINA NÃO APENAS NA DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÕES PESSOAIS, MAS TAMBÉM DE DADOS E FOTOS DE PACIENTES, SEM AS DEVIDAS AUTORIZAÇÕES E SEM FINS ACADÊMICOS. DESSA FORMA O USO DESCONTROLADO E DESADAPTATIVO DA INTERNET PODE PROVOCAR A ADICÇÃO POR INTERNET (AI) ASSOCIADA A ANSIEDADE E DEPRESSÃO. UMA PESQUISA REALIZADA COM GRADUANDOS DE MEDICINA RATIFICOU A EXISTÊNCIA DE CONFLITOS ÉTICOS ENTRE OS ACADÊMICOS, PRINCIPALMENTE, EM ANOS MAIS AVANÇADOS DA GRADUAÇÃO. ESSES SE UTILIZARAM DAS REDES SOCIAIS TAMBÉM PARA PUBLICAR INFORMAÇÕES DE PACIENTES QUE NÃO FORAM AUTORIZADAS (MENEZES ET AL., 2017). TAL FATO APENAS CONFIRMA A NECESSIDADE DE A ÉTICA MÉDICA SER UM TEMA MAIS ABORDADO DURANTE A FACULDADE DE MEDICINA. OBJETIVOS: OS OBJETIVOS DESTE TRABALHO FORAM CONSCIENTIZAR PROFISSIONAIS DE SAÚDE E ESPECIALMENTE OS ESTUDANTES DE MEDICINA DURANTE SUA FORMAÇÃO, PARA QUE UTILIZEM DE FORMA ADEQUADA AS FERRAMENTAS VIRTUAIS, ESPECIALMENTE QUANDO SE TRATA DE PUBLICAR CONTEÚDO INAPROPRIADO EM LOCAIS CUJO ACESSO SERÁ PÚBLICO, UMA VEZ QUE PODE TER IMPLICAÇÕES IMPORTANTES PARA A PRIVACIDADE DAS PESSOAS, TANTO PARA PACIENTES COMO PARA SUA PRÓPRIA VIDA PESSOAL, ASSOCIAR A PRESENÇA DE SINTOMAS ANSIOSOS E DEPRESSIVOS COM INDÍCIOS DO USO PROBLEMÁTICO DA INTERNET EM ESTUDANTES DE MEDICINA E PROPICIAR UM ESPAÇO DE DISCUSSÃO E DE REFLEXÃO COLETIVA ACERCA DOS PROBLEMAS ÉTICOS VIVENCIADOS PELOS ESTUDANTES, AO LONGO DA GRADUAÇÃO EM MEDICINA. METODOLOGIA: FOI REALIZADA UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA DE ARTIGOS TRIADOS NA BASE DE DADOS CIENTÍFICOS DO SCIELO, PUBMED E COCHRANE LIBRARY, A PARTIR DAS PALAVRAS CHAVES: “MEDICAL STUDENTS, “MEDICAL ETHICS” E “SOCIAL NETWORKS”. RESULTADOS: A DEPENDÊNCIA DE INTERNET TEM SIDO MUITO PREVALENTE, PRINCIPALMENTE, EM ADOLESCENTES E JOVENS ADULTOS. A PRESENÇA DE SINTOMAS TANTO ANSIOSOS QUANTO DEPRESSIVOS PODE SER GERADA PELO MAU USO DAS REDES SOCIAIS, OU AINDA OS SINTOMAS PODEM SER PREGRESSOS E O USO DESTAS UM MECANISMO DE COMPENSAÇÃO. ENTORNO DE 98,8% DOS ESTUDANTES DE MEDICINA FAZEM USO DIÁRIO DAS REDES SOCIAIS. A MANEIRA COMO O JOVEM ESTUDANTE ACADÊMICO LIDA COM A PRÓPRIA SAÚDE E A DE SEUS FUTUROS PACIENTES TEM INFLUÊNCIA DOS ASPECTOS COGNITIVOS, COMPORTAMENTAIS E DAS ALTERAÇÕES EMOCIONAIS QUANDO NÃO TRATADAS. A PRESENÇA DE SINTOMAS PODE SER CONSIDERADA UM MOTIVO PARA INTERVENÇÃO E CUIDADO DO ESTUDANTE. ALGUNS FATORES DE RISCO QUE CONTRIBUEM PARA A INSTABILIDADE EMOCIONAL SÃO: SINTOMAS ANSIOSOS E PESSOAS INIBIDAS, MELANCÓLICAS E COM BAIXA AUTOESTIMA. A DIMINUIÇÃO DO PERÍODO DE SONO DEVIDO AO USO INDISCRIMINADO DAS REDES SOCIAIS LEVOU A UMA PIORA NO RENDIMENTO ACADÊMICO. ISSO SE AGRAVA AINDA MAIS, QUANDO O ESTUDANTE FAZ USO DO APLICATIVO DE MENSAGEM INSTANTÂNEA (WHATSAPP). UM ESTUDO CONFIRMOU O USO DE REDES SOCIAIS PARA COMPARTILHAR FOTOS DE SITUAÇÕES CLÍNICAS OU PARA DISCUTIR INFORMAÇÕES DE PACIENTES, SENDO MAIS PREVALENTE ENTRE OS ESTUDANTES DOS ÚLTIMOS ANOS DE GRADUAÇÃO E ENTRE OS QUE CONSIDERARAM O CURSO REGULAR. ISSO RATIFICA UMA SITUAÇÃO CONFLITUOSA VIVENCIADA PELOS ESTUDANTES, POIS SE CONSIDERA DIREITO DE O PACIENTE TER SUA PRIVACIDADE PRESERVADA, E DEVER DO MÉDICO ORIENTAR SEUS AUXILIARES E GRADUANDOS A ZELAR PELA MANUTENÇÃO DO SIGILO PROFISSIONAL. NÃO SE DEVE DIFUNDIR INFORMAÇÕES PARA OUTROS FINS QUE NÃO AQUELES PARA OS QUAIS FORAM CONSENTIDOS, QUE, MESMO ASSIM, DEVEM ESTAR EM CONSONÂNCIA COM O DIREITO INTERNACIONAL RELATIVO AOS DIREITOS HUMANOS. VALE RESSALTAR AINDA QUE NO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA, NO CAPÍTULO IX E ARTIGO 75, VEDA-SE AO MÉDICO FAZER REFERÊNCIA A CASOS CLÍNICOS IDENTIFICÁVEIS, EXIBIR PACIENTES OU SEUS RETRATOS EM ANÚNCIOS PROFISSIONAIS OU NA DIVULGAÇÃO DE ASSUNTOS MÉDICOS EM MEIOS DE COMUNICAÇÃO EM GERAL, MESMO COM AUTORIZAÇÃO DO PACIENTE. A QUEBRA DO SIGILO PROFISSIONAL É CONSIDERADA INFRAÇÃO ÉTICA, COM PREVISÃO DE PENALIDADES PELO CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. EXPOR FATOS E IMAGENS DE PACIENTES NAS REDES SOCIAIS CAUSARÁ PREJUÍZOS PARA A CARREIRA PROFISSIONAL E CONSTRANGIMENTOS OU PREJUÍZOS AO PACIENTE. O CAPÍTULO I DO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA, EM SEU ARTIGO 4º, ESTABELECE QUE O MÉDICO DEVE EXERCER A MEDICINA SEMPRE ZELANDO PELO PRESTÍGIO E CONCEITO ADEQUADO DA PROFISSÃO. ISSO EXIGE RESPONSABILIDADE QUANTO ÀS AÇÕES NO AMBIENTE ON-LINE, PRINCIPALMENTE, NO QUE DIZ RESPEITO À CONFIDENCIALIDADE NAS RELAÇÕES COM O PACIENTE. AS ASSOCIAÇÕES MÉDICAS AMERICANA, AUSTRALIANA E BRITÂNICA JÁ PUBLICARAM GUIDELINES PARA O USO DAS REDES SOCIAIS QUE RECOMENDAM A SEPARAÇÃO DE PERFIS, VISANDO DISSOCIAR CONTEÚDOS PESSOAIS DOS PROFISSIONAIS. É RECOMENDÁVEL AOS MÉDICOS TAMBÉM A MONITORAÇÃO E VIGILÂNCIA ROTINEIRA QUANTO ÀS SUAS PRÓPRIAS CONTAS E PERFIS NAS REDES SOCIAIS; ALÉM DE DESENCORAJAR AQUELES DE INTERAGIR COM PACIENTES ATUAIS OU PASSADOS EM SITES DE REDES SOCIAIS PESSOAIS. ACREDITA-SE QUE O ENSINO DA BIOÉTICA NO MODELO DE COMPETÊNCIAS AJUDA A FORTALECER SIGNIFICATIVAMENTE A AUTONOMIA DO ALUNO. ADICIONALMENTE, DISTINGUEM DUAS FORMAS DE ÉTICA – QUE SE COMPLEMENTAM – NA FORMAÇÃO DO INDIVÍDUO: A ÉTICA MORALISTA E A ÉTICA ESPONTÂNEA. A MORALISTA CONCERNE AOS PRECEITOS ADQUIRIDOS, INFORMAÇÕES EXÓGENAS QUE SÃO INTERNALIZADAS NO INDIVÍDUO A PARTIR DE EXPERIÊNCIAS VIVENCIADAS, DENTRE AS QUAIS O PRÓPRIO CURSO DE MEDICINA; A ESPONTÂNEA, POR SUA VEZ, SURGE COMO ALGO NATURAL, SEM RELAÇÃO COM O CONHECIMENTO ADQUIRIDO. CONCLUSÃO: DEVEM-SE ADOTAR ESTRATÉGIAS NA INSTITUIÇÃO DE ENSINO PARA PROPICIAR UM ESPAÇO DE DISCUSSÃO E REFLEXÃO COLETIVA ACERCA DOS PROBLEMAS AO LONGO DA GRADUAÇÃO, EM BUSCA DE RESOLUÇÃO OU, PELO MENOS, MINIMIZAÇÃO DAS SITUAÇÕES CONFLITUOSAS VIVENCIADAS PELOS ESTUDANTES DE MEDICINA. O DIÁLOGO COTIDIANO DEVE FAZER PARTE DA CONSTRUÇÃO DE SERES HUMANOS ÉTICOS E DE GRADUANDOS CIDADÃOS. ENTRETANTO, NADA DISSO É CAPAZ DE CERCEAR A LIVRE EXPRESSÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE NAS REDES SOCIAIS. ESSA REALIDADE DEVE SER DEBATIDA NA GRADUAÇÃO PARA QUE SE POSSA APROVEITAR AO MÁXIMO OS BENEFÍCIOS DO USO DA INTERNET E QUE SEJA REGULADO OS ATOS QUE FEREM OS PRINCÍPIOS ÉTICOS. DESSA FORMA, OS PROFISSIONAIS DE ENSINO PERCORRERÃO UM LONGO CAMINHO PARA QUE SE ALCANCE ESSA NOVA REALIDADE TECNOLÓGICA. SERÁ NECESSÁRIO MODIFICAR MÉTODOS TRADICIONAIS DE ENSINO ATRAVÉS DA INCLUSÃO DE FERRAMENTAS LÚDICAS COM O USO DA TECNOLOGIA. A TECNOLOGIA TEM IMPULSIONADO O DESENVOLVIMENTO HUMANO E SOMOS DEPENDENTES DELA PARA CONTINUARMOS A EVOLUIR. ENTRETANTO, O USO INDEVIDO E EXACERBADO DESTE “PRODUTO” HUMANO DEVE SER REGULADO E ADEQUADO AO CONTEXTO EM QUE FOR APLICADO. VALE RESSALTAR AINDA QUE O USO DA INTERNET TRAZ MUITOS BENEFÍCIOS AOS ACADÊMICOS, DENTRE ELES: O ENCONTRO DE INFORMAÇÕES DE FORMA MAIS RÁPIDA, FÁCIL E CONFIÁVEIS E INDICADAS PELOS PROFISSIONAIS DE ENSINO DA GRADUAÇÃO, VIDEOAULAS SOBRE DETERMINADOS ASSUNTOS QUE PODEM SER UTILIZADAS PELOS ESTUDANTES QUE TENHAM DIFICULDADES EM ASSIMILAR DETERMINADO ASSUNTO COMPLEMENTANDO ASSIM SEU CONHECIMENTO E DEBATES DE CASOS CLÍNICOS EM GRUPOS DE WHATSAPP ENTRE OS ACADÊMICOS E OS PROFISSIONAIS DA SAÚDE. PODEM SER NECESSÁRIAS DIFERENTES ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO PARA O ENSINO DE ÉTICA MÉDICA E PROFISSIONALISMO, A FIM DE PROMOVER A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA NESSES TEMAS. COMO ALTERNATIVA PARA UMA FORMAÇÃO MAIS ABRANGENTE, QUE POSSA AMPLIAR A VISÃO DA ÉTICA, PODE SER INTERESSANTE INCLUIR, NA GRADUAÇÃO MÉDICA, DOCENTES FORMADOS EM CIÊNCIAS SOCIAIS E CIÊNCIAS HUMANAS, ALÉM DE ORIENTAÇÕES ACERCA DAS FONTES DE PESQUISA NA INTERNET QUE PODEM SER UTILIZADAS NA GRADUAÇÃO.

 

Biografia do Autor

Danillo Pedro Mendes Silva, Faculdade de Medicina de Goianésia

Graduando do curso de Medicina, Universidade de Rio Verde – Câmpus Goianésia, Famego, Brasil. danillopedro@hotmail.com

Karynne Milhomem Sousa Holme Machado, Faculdade de Medicina de Goianésia

Orientadora, Profa. Ma. Ciências Aplicadas à Saúde Da Faculdade de Medicina, Universidade de Rio Verde – Câmpus Goianésia, Famego, Brasil. Karinemshm@unirv.edu.br

 

Publicado

2023-11-25