ESTUDO DE CASO: MÃE APÓS ÓBITO DA CRIANÇA
Palavras-chave:
Estudo de caso, Neonatal., ÓbitoResumo
Introdução: A morte de um filho é uma das experiências mais dolorosas e devastadoras que uma mãe pode enfrentar. De acordo com Worden (1998), a morte de um filho, independentemente de sua idade, pode ser uma das perdas mais devastadoras da vida e seu impacto pode permanecer por anos sobre seus pais. O que faz com que eles, muitas vezes, não consigam ajudar a si mesmos, aos outros filhos e até mesmo de seguir suas vidas adiante. Embora a perda de um filho seja algo incompreensivo aos olhos de quem passa pela perda, a força do impacto dependerá de como cada mãe irá reagir. Para Worden (1998), as quatro tarefas básicas do luto são: I - aceitar a realidade da perda, II – elaborar a dor da perda, III - ajustar-se a um ambiente onde está faltando a pessoa que faleceu, IV – reposicionar em termos emocionais a pessoa que faleceu e continuar a vida. Material e Métodos: Realizou-se uma pesquisa qualitativa descritiva, desenvolvida na cidade de Goianésia GO - Brasil. Foi utilizado uma amostra, constituída por uma mãe com histórico de óbito familiar (filha). A investigação foi desenvolvida em três etapas: A primeira constituída pela elaboração de questionário específico à amostra, identificando: idade, histórico gestacional e pós-operatório, bem como a evolução ao óbito da criança. A segunda etapa foi realizada com a coleta de dados da mãe; e terceira e última etapa, pesquisas bibliográficas sobre os assuntos abordados na pesquisa. Objetivo geral: Compreender a superação da mãe, perante o óbito precoce de sua filha, buscando um olhar holístico e humanizado. Resultados e discussão:C. S. D. S, 22 anos, residente em Goianésia-Go. Protagonista de três gestações sem planejamento. A primeira e a segunda foram por parto vaginal (parto normal) e a última por cesárea. Segundo relatou a mãe, por ser muito jovem e por passar por dificuldades econômicas não pôde ter acompanhamento de pré-natal nas duas primeiras gestações, mas durante a 3ª gestação conseguiu fazer acompanhamento. Por isso, não conseguiu compreender o motivo de ter tido graves complicações nesta última gravidez, mesmo sendo acompanhada desde o início.
Ao completar cinco meses de gestação foi diagnosticada gravidez de risco, devido a criança em formação não ter conseguido ganhar peso e a gestante apresentar pequeno sangramento e edemas por todo o corpo. Aos sete meses, teve uma hemorragia séria, e ao intensificar-se a gestante precisou ser encaminhada com urgência para uma unidade de referência na cidade de Goiânia-Go. Por conta do período gestacional, precisou ser submetida a uma cesariana de emergência. A recém-nascida veio ao mundo com falta de oxigênio no cérebro e várias crises convulsivas, e a parturiente teve sérias complicações renais devido a quantidade de sangue perdida, por isso as duas precisaram ser encaminhadas à Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Após 28 dias de internação as duas receberam alta médica, e a pequena guerreira (como a mãe costumava chamar a neonatal) se desenvolveu rapidamente, ganhando peso como era esperado. Porém, uma simples queda as separariam para sempre, pois, justamente, no dia em que completaria dez meses de vida a pequena guerreira caiu da cama em que dormia com a mãe. Fatalmente, teve traumatismo craniano, seguido de parada cardiorrespiratória, vindo a óbito.mMesmo abalada, ela demonstrou, muita fé e contou que sua filha era linda, e que desde de início da gravidez havia entregue sua pequena nas mãos de Deus, e disse que ela sempre foi Dele, e que entendia que Deus havia a chamado para morar com ele nos ceus. Conclusão :Mesmo a morte sendo a única certeza que os seres humanos possuem, nunca nos sentimos preparados o suficiente para lidar com esse momento doloroso. Contudo, a fé de que existe um Deus que detém o poder da vida e da morte, nos possibilita passar por essa experiência traumática de forma mais aceitável. Por isso a Enfermagem se destaca enquanto profissão empática, que ao mesmo tempo em que se lida com a vida e a morte de forma sistematizada e holística, se coloca também no lugar do outro, compreendendo sua dor e auxiliando na sua aceitação. Pois a maneira de receber a notícia do óbito de quem se ama pode influenciar diretamente na superação da perda. E é exatamente neste momento em que o enfermeiro (a) exerce melhor seu papel, porque a morte de um filho, independentemente de sua idade, pode ser uma das perdas mais devastadoras da vida humana e seu impacto pode permanecer por anos sobre os pais (WORDEN, 1998). Neste estudo de caso, nota-se que a mão encontra-se em estado emocional estável, em processo de aceitação sobre a perda. Durante a entrevista demonstrou-se psicologicamente bem estruturada, mediante a força que coloca sobre sua fé em Deus. Mesmo com toda estabilidade demonstrada sobre a superação da perda, é necessário que se tenha acompanhamento psicológico, visto que os processos do luto demandam tempo e várias fazes de aceitação.