O Saber Sensível do Kujà sobre Ambiente e Saúde: Um Estudo de Caso da Comunidade Indígena Foxá de Lajeado/RS

Resumo

O presente trabalho trata sobre o reconhecimento e respeito aos saberes tradicionais dos Kaingang no que tange à saúde e ao ambiente. É decorrente de pesquisa de campo realizada entre 2015 e 2017 na Terra Indígena Foxá, localizada na cidade de Lajeado, no Rio Grande do Sul.  Nesse norte, o problema central da pesquisa, parte da presente indagação: O reconhecimento dos saberes tradicionais dos indígenas Kaingang atinentes à saúde pode servir de meio de preservação ambiental? Assim, o objetivo do trabalho constitui em identificar se reconhecimento dos saberes tradicionais xamânicos pode influenciar na preservação do meio ambiente. Em termos metodológicos, adota-se a pesquisa qualitativa, com perfil exploratório, ancorada em técnicas de pesquisa bibliográfica e análise documental. Ademais, faz-se o uso da história oral para realização de entrevistas. Por fim, entende-se que as contribuições dos Kaingang referente ao binômio saúde-doença, bem como a relevância dos Kujà e a análise dos saberes tradicionais associados à saúde na Terra indígena Foxá, demonstra que o reconhecimento e o devido respeito destes saberes pode ser instrumento de descolonização da saúde indígena e preservação ambiental.  Para o Kaingang a atenção diferenciada à saúde está intimamente ligada a cosmologia e a relação de complementariedade com a natureza, de modo que, as técnicas tradicionais permanecem sendo aplicadas. Pelo exposto, percebe-se que há uma intensa conexão entre as práticas da medicina Kaingang com a preservação ambiental. Já que, ambas se complementam e são interdependentes. Pela pesquisa, restou evidenciado que o povo Kaingang é detentor de conhecimento etnobotânicos, e que os utiliza no seu cotidiano, nas relações de saúde e de doença.