Cirurgiões-dentistas na Trilha do Tucano em busca da educação ambiental

Autores

  • Lúcia Maria Leite Cavalcanti de Morais
  • Lila Louise Moreira Martins Franco
  • Liliane Braga Monteiro dos Reis
  • Leandro Brambilla Martorell
  • Ricardo Elias do Vale Lima
  • Giovana Galvão Tavares

Palavras-chave:

Atenção Primária à Saúde, Educação em Saúde, Educação Ambiental

Resumo

Cada vez mais, o marco legal da educação ambiental avança no desenvolvimento de uma cidadania responsável, para a construção de sociedades sadias e socialmente justas. Podemos citar a Constituição Federal, de 1988 e a Política Nacional do Meio Ambiente, dentre outras, em que se ressalta a necessidade de promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente. Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. Para a saúde, a Política Nacional de Atenção Básica entende, que faz parte das atribuições comuns dos profissionais da atenção primária / básica mobilizar a comunidade para o desenvolvimento de medidas de manejo ambiental e outras formas de intervenção no ambiente para o controle de vetores, o que implica em realizar educação ambiental com esta população. Deste modo, para o contexto da educação superior na área da saúde, estas normativas possuem interface importante para a formação do perfil do egresso comprometido com a educação ambiental e com a saúde da população, família e comunidade. Este trabalho busca relatar a experiência da área de Saúde Coletiva, do Curso de Odontologia, de Anápolis/Goiás, quanto ao uso da Trilha do Tucano, para o processo de ensino-aprendizagem na formação do cirurgião-dentista. A trilha do tucano está localizada em uma área de preservação da UniEVANGÉLICA, a qual caracteriza-se por um percurso de 1.400m. A trilha vem sendo utilizada, como apoio pedagógico para a compreensão da Política Nacional de Educação Ambiental em Saúde, relacionada a todos os níveis de atenção à saúde. Sua realização se dá, no 3º período, da disciplina Projeto Interdisciplinar de Políticas Públicas de Saúde III (PIPPS III) do curso de odontologia, em parceria e articulação de forma interdisciplinar com o curso de ciências biológicas. Dentre os objetivos da disciplina destaca-se o de analisar a situação de saúde no território da Estratégia Saúde da Família, sendo capaz de pensar criticamente, de analisar os problemas da sociedade e de procurar soluções para os mesmos, relacionando com a Política Nacional de Educação Ambiental, observando princípios da ética; e compreender e utilizar as ferramentas fundamentais de planejamento para compreensão da realidade na tomada de decisões em saúde. Ou seja, “uma compressão integrada com o meio ambiente, em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos, ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais, e éticos” que precisam ser identificados e discutidos. A realização da trilha possibilita a discussão sobre as implicações da educação ambiental no exercício dos profissionais de saúde na atenção primária articuladamente ao curso de ciências biológicas. Ela oferece aos visitantes momentos de aprendizagem e interação com a natureza, contribuindo para a formação de profissionais de saúde com consciência ambiental. Dentro do perfil egresso/profissional preconizado pelas Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Odontologia e pelo Curso de Odontologia da UniEVANGÉLICA, entende-se que o egresso deve trabalhar em equipes interdisciplinares e atuar como agente de promoção de saúde, planejar e administrar serviços de saúde comunitária. Destaca-se também como relevante a inserção do futuro cirurgião-dentista na atividade da trilha do tucano quanto a aspectos fundamentais diretamente relacionados à atuação odontológica, como: a importância do flúor na água de abastecimento; o manejo do gerenciamento de resíduos sólidos advindos do atendimento odontológico; bem como o próprio manejo ambiental que interfere quando não feito, por exemplo, no aumento de casos de dengue, com possíveis manifestações bucais. Esse enfoque dado aos acadêmicos de odontologia desperta para que se sensibilizem quanto à educação ambiental e sejam difusores de uma prática profissional que se aperceba envolta pelos fatores determinantes da saúde. Esta postura profissional que proporcionará a excelência na resolutividade dos problemas de saúde odontológicos, que estão permeados por um contexto social, econômico e político que interferem no meio ambiente e como uma via de mão dupla é bidirecional. Cabe ainda ressaltar a necessidade de que o cirurgião-dentista assuma o papel de educador em saúde, partindo da compreensão de saúde ampliada, levando em consideração os fatores determinantes, e relacionando o funcionamento do corpo humano com o meio ambiente. Outro aspecto fundamental para além do enfoque odontológico destaca-se a atuação interdisciplinar feita entre odontologia e ciências biológicas, em que se aproximam dois campos teóricos em seus fundamentos, na perspectiva de interdisciplinarmente proporem ações a serem desenvolvidas futuramente no âmbito de cada profissão. Ainda, espera-se que a experiência possa contribuir para a formação atitudinal que ultrapasse a dimensão da crítica e ganhe também o campo ético, objeto também posto na Política Nacional de Educação Ambiental. Vivenciando a experiência de modo mais conectado à realidade espera-se que o estudante possa perceber o seu papel social e o seu compromisso ético-político com a transformação da realidade em favor da manutenção da vida, em defesa dos mais vulneráveis. Constata-se que a Educação Ambiental é uma estratégia importante para a Atenção Primária à Saúde que pode ter grande abrangência comunitária e possibilitar a discussão de questões socioambientais essenciais na qualidade de saúde das pessoas.

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Publicado

2017-11-16

Edição

Seção

Saúde e Meio Ambiente