A IMPORTÂNCIA DO CIRURGIÃO-DENTISTA FRENTE AOS CASOS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: ESTE PROFISSIONAL ESTÁ PREPARADO?
Resumo
A IMPORTÂNCIA DO CIRURGIÃO-DENTISTA FRENTE AOS CASOS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: ESTE PROFISSIONAL ESTÁ PREPARADO?
Luís Henrique Ferreira Martins1
Pedro Augusto Fernandes1
Ana Luiza Farah1
Carlos Gustavo Moreira Cândido1
Liliane Braga Monteiro dos Reis2
1Acadêmicos do Curso de Odontologia do Centro Universitário de Anápolis
2Professora do Curso de Odontologia do Centro Universitário de Anápolis
RESUMO SIMPLES
A abordagem da violência doméstica na área da saúde faz-se necessária por se tratar de um problema de saúde pública e o cirurgião-dentista é o profissional que possui grande contato com pacientes vítimas de violência doméstica visto que as lesões decorrentes dessas agressões estão localizadas nas regiões orofaciais. O presente trabalho tem como objetivo analisar publicações científicas sobre o papel do cirurgião-dentista a respeito da violência doméstica contra mulheres. Foi averiguado nas bases SciELO, e Google Acadêmico artigos científicos que abordassem o tema violência doméstica tendo como vítima a figura feminina e a percepção do cirurgião-dentista e sua atuação frente ao caso. Nos estudos analisados, foi observada a importância da realização de estudos epidemiológicos para que se possa entender melhor os determinantes sociais associados à estes casos. Observa-se como aspectos clínicos consideráveis para análise e diagnósticos dos quadros de violência doméstica escoriações e edemas na boca, marcas no punho ou nos joelhos, fraturas dentais, avulsão dental, arranhões nos braços, escoriações e edemas em outras partes do corpo (pernas, braços), perturbações psicológicas e queimaduras. A alta taxa de casos de violência contra a mulher e a atuação do cirurgião-dentista em diagnosticar estes casos, carece preparo e atuação do profissional. Vale ressaltar que o cirurgião-dentista pouco conhece sobre o tema, sendo necessária maior abordagem no processo formativo profissional.
Palavras – chave: Odontologia; Violência doméstica; Conhecimento; Saúde Pública.
INTRODUÇÃO
Entende-se por violência doméstica a ação ou omissão que prejudique o bem estar, a integridade física, psicológica, liberdade de expressão e de direito. Pode ocorrer dentro ou fora do ambiente familiar (BRASIL, 2001). A maioria dos casos de violência acontece em casa, tendo como maior número de vítimas, as mulheres, crianças e idosos (SALIBA et al. 2007).
Estima-se que em todo o mundo pelo menos uma em três mulheres já foi espancada, coagida à violência sexual, ou agredida psicologicamente (SALIBA et al. 2007). Visto que na maioria destes casos, o agressor apresenta-se como companheiro da vítima. Compreende-se que a violência contra a mulher está inserida em um aspecto sociocultural presente nos conglomerados sociais. Quando analisado a história da humanidade, a figura feminina assume destaque de submissão, inferioridade à figura masculina e privação de direitos (BRASIL, 2001).
A percepção da violência doméstica pelo profissional de saúde deve ser classificada como problema de saúde pública, necessitando a atuação de uma equipe multiprofissional que seja capaz de realizar levantamentos epidemiológicos eficazes para que seja possível o diagnóstico e a relação destes casos com o cotidiano sócio familiar da vítima. É uma questão de complexidade, visto que os determinantes sociais são fatores intrínsecos que estimulam no aumento dos casos (TORNAVOI; GALO; SILVA, 2011).
Os maus-tratos são classificados em (FRACON; SILVA; BREGAGNOLO, 2019):
- Violência física é executada de forma direta utilizando socos, pontapés, beliscões ou de forma indireta utilizando a tortura psicológica com o uso do castigo/privação de liberdade;
- Violência sexual caracterizando a força que o agressor utiliza para submeter a vítima à ações contra sua vontade;
- Violência psicológica que é caracterizada pela intimidação, insultos ocasionando graves distúrbios psicológicos na vítima.
O cirurgião-dentista é um profissional capacitado a diagnosticar os casos de violência doméstica tanto em ambiente profissional de caráter público ou privado, visto que a maioria das lesões sofridas pelas vítimas localiza-se na região orofacial (CARVALHO, GALO, SILVA, 2011).
OBJETIVO
O presente trabalho tem como objetivo analisar publicações científicas sobre o papel do cirurgião-dentista a respeito da violência doméstica contra mulheres.
DESENVOLVIMENTO
Este trabalho teve seu desenvolvimento à partir de analises das bases on-line do Google Acadêmico e SciELO a partir da atuação e capacitação do cirurgião-dentista no diagnóstico de violência doméstica em consonância com as características clínicas condizentes à estes casos.
Foi possível observar que as condições relativas à lesão corporal, a maioria delas se encontram na região orofacial, sendo elas: escoriações e edemas na boca, fraturas dentais, avulsão dental, além de outros aspectos clínicos presentes em outras partes do corpo da vítima como, arranhões nos braços, escoriações e edemas (pernas, braços), perturbações psicológicas e queimaduras.
Os estudos analisados, ressaltam a importância da realização de levantamentos epidemiológicos pelos profissionais de saúde, para que se possa investigar a relação dos determinantes sociais como moradia, qualidade de vida, distribuição de renda, acesso aos serviços públicos de saúde, educação, com os casos de violência doméstica.
Mesmo com a criação da lei Maria da Penha 11340/06 cujo objetivo é articular mecanismos com objetivo de coibir a violência doméstica, familiar com o propósito de eliminar todas as formas de discriminação contra as mulheres, criando assim meios favoráveis para punição dos agressores, ainda é possível observar em larga escala, casos de violência doméstica no território brasileiro sendo necessária a atuação conjunta do estado na formulação de políticas públicas necessárias para a redução destes casos.
CONCLUSÕES
Conclui-se que o cirurgião-dentista pouco conhece sobre o tema, sendo necessária maior abordagem no processo formativo profissional, visto que em muitos casos nos estudos observados foi perceptível a alta taxa de desconhecimento e despreparo deste profissional para atuar acerca deste tema tanto nos níveis de atenção à saúde no Sistema Único de Saúde quanto no caráter privado de atenção à saúde.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Violência intrafamiliar: orientações para prática em serviço. Brasília: Ministério da Saúde, 2001. Série Cadernos de Atenção Básica; n. 8 – Série A. Normas e Manuais Técnicos; n. 131.
SALIBA, O.; GARBIN, C. A. S.; GARBIN, A. J. I.; DOSSI, A. P. Responsabilidade do profissional de saúde sobre a notificação de casos de violência doméstica. Revista de Saúde Pública, v. 41, n. 3, p. 472-477, 2007.
CARVALHO, L. M. F.; GALO, R.; SILVA, R. H. A. O cirurgião-dentista frente à violência doméstica: conhecimento dos profissionais em âmbito público e privado. Medicina (Ribeirão Preto. Online), v. 46, n. 3, p. 297-304, 2013.
FRACON, E. T.; SILVA, R. H. A.; BREGAGNOLO, J. C. Avaliação da conduta do cirurgião-dentista ante a violência doméstica contra crianças e adolescentes no município de Cravinhos (SP). RSBO (Online), Joinville, v. 8, n. 2, jun. 2011.
TORNAVOI, Denise Cremonezzi; GALO, Rodrigo; SILVA, Ricardo Henrique Alves da. Conhecimento de profissionais de Odontologia sobre violência doméstica. RSBO (Online), v. 8, n. 1, p. 54-59, 2011.