Estratégias de Coping no enfrentamento da vitimização de adolescentes.
Resumo
ESTRATÉGIAS DE COPING NO ENFRENTAMENTO DA VITIMIZAÇÃO DE ADOLESCENTES.
Isabelly Fossatti Rodrigues1;
Margareth Regina Gomes Veríssimo de Faria2.
1Acadêmica do 10° período de Psicologia da UniEVANGÉLICA;
2Professora do curso de Psicologia da UniEVANGÉLICA.
A adolescência refere-se a uma etapa do desenvolvimento humano que se encontra situada entre a infância e a idade adulta, sendo este um período de intensa transição, permeado por diversas e significativas modificações em todas as esferas que compõem a vida do jovem. Portanto, diz respeito a um momento em que o adolescente se depara com uma série de alterações físicas, como por exemplo, alteração da voz e da própria estatura, ao mesmo tempo em que vivencia diversas modificações no âmbito psicológico e social, pois esta configura-se em uma fase em que há o descobrimento da sua própria identidade e do mundo que o cerca. Sendo assim, devido a estas consideráveis mudanças, é compreensível o adolescente encontrar-se em um estado mais acentuado de vulnerabilidade e fragilidade frente a sua existência, podendo, consequentemente, estar mais suscetível a exposição de práticas violentas.
Sabe-se, portanto, que a violência configura-se em um significativo problema de ordem mundial, assim como um problema pertinente de saúde pública, uma vez que afeta diretamente a qualidade de vida dos indivíduos envolvidos. Deste modo, de acordo com a definição proposta pela Organização Mundial da Saúde (2002. Citado por Sacramento & Rezende, 2006), a violência é definida “como o uso intencional da força ou poder em uma forma de ameaça ou efetivamente, contra si mesmo, outra pessoa ou grupo ou comunidade, que ocasiona ou tem grandes probabilidades de ocasionar lesão, morte, dano psíquico, alterações do desenvolvimento ou privações”. Em vista disso, quando um adolescente encontra-se imerso em uma situação de violência que ameace a sua integridade enquanto ser humano, este passa a fazer o uso de certas estratégias de enfrentamento, visando a sua própria proteção, assim como o seu equilíbrio psíquico diante da situação causadora de sofrimento. Tais estratégias são conhecidas pelo os estudiosos da temática como estratégias de coping.
Segundo Lazarus e Folkmam (1984. Citado por Mohn, 2016, p. 15), coping é descrito como “processo pelo qual ocorrem constantes mudanças cognitivas e comportamentais para gerenciar as demandas externas e/ou internas específicas, que são avaliadas como estressoras ou que esgotam os recursos da pessoa para lidar com a situação, destinadas a dominar, a tolerar ou a reduzir as demandas conflituosas”. Desta maneira, quando um jovem determina uma situação especifica como estressante para o seu estilo de vida, este passa a buscar meios eficazes para lidar com o evento estressor, sendo que uma destas maneiras são as estratégias de coping, no qual podem ser focadas no problema ou com ênfase na emoção.
Dessa forma, diante do que já foi explanado, o objetivo primordial deste presente trabalho baseou-se na investigação a respeito das estratégias de coping utilizadas pelos adolescentes que são vítimas de violência, independente do seu cunho. Tal tema mostrou-se relevante de ser abordado com mais propriedade devido à pouca exploração da temática, uma vez em que poucos estudos puderam ser encontrados. Desta forma, pretende-se contribuir de modo satisfatório para as pesquisas posteriores. Além disso, procurou-se realizar uma breve explanação acerca da violência, no qual configura-se um sério problema de saúde pública.
Sendo assim, o trabalho foi desenvolvido a partir de uma revisão sistemática, no qual os seguintes sites consultados foram: SCIELO (Scientific Eletronic Library Online), PEPSIC (Periódicos Eletrônicos de Psicologia) e TEDE (Sistema de Publicação Eletrônica de Teses e Dissertações). Em sua totalidade, foram utilizados seis artigos que se mostraram suficientes e relevantes para o desenvolvimento do presente trabalho.
Dessa forma, como explanado anteriormente, sabe-se que a adolescência é um período significativo e, por vezes delicado, na vida de qualquer indivíduo, podendo, por si só, desencadear sofrimento no jovem. Portanto, quando este momento se desenrola paralelamente com a violência, podem acarretar sérias e devastadoras consequências na vida do adolescente, interferindo significativamente no curso de seu desenvolvimento. Podendo, ainda, propiciar o aparecimento de uma série de distúrbios psicológicos, tais como ansiedade, depressão, estresse pós-traumático ou mesmo favorecer o abuso de substâncias.
Além disso, pode ser constatado nas pesquisas realizadas, a divergência existente entre as estratégias de coping utilizadas e o gênero do adolescente, de modo que notou-se que o sexo feminino costuma fazer o uso de estratégias com enfoque na emoção, como por exemplo buscar por apoio social no meio em que vive, e já o sexo masculino tende a utilizar as estratégias focada no problema. Portanto, no contexto de violência, é válido ressaltar “que os adolescentes usaram mais estratégias de coping focadas na emoção para lidar com as consequências da exposição à violência” (Ahmad, Ishtiaq & Mustafa, 2016; Braun-Lewensohn, Sagy & Said, 2014. Citado por Mohn, 2016). Para além do gênero, é de suma relevância levar em consideração o contexto social em que tal adolescente encontra-se inserido, pois este fator em muito influenciará as estratégias de coping que serão utilizadas por ele. Deve-se, também, atentar-se a outras questões, tais como as condições psicológicas da vítima, o tipo de violência ao qual o jovem foi exposto, a intensidade e frequência destes atos violentos.
Posto isto, este tema mostra-se extremamente relevante de ser estudado pois tem-se o conhecimento do acentuado crescimento das práticas de violência contra os adolescentes e das significativas repercussões que tal prática é capaz de causar na vida destes indivíduos que ainda se encontram em desenvolvimento. Sendo assim, ao compreender a forma como tais jovens lidam com estas situações negativas, torna-se viável a elaboração de projetos de intervenções mais eficazes, visando, primordialmente, proteger essa população que necessita de auxílio.
REFERÊNCIAS
Mohn, L. N. Percepção de Violência e Enfrentamento de Adolescentes Vitimizados. 2016. 82f. Dissertação de Mestrado – Pontifica Universidade Católica de Goiás, Goiânia, 2016.
Sacramento, L. T. & Rezende, M. M. Violências: lembrando alguns conceitos. Aletheia. Canoas, 24, p. 95-104, jul./dez. 2006.