SAÚDE SEM FRONTEIRAS

Autores

  • Ana Gabriela Brandao Silva UniEVANGÉLICA

Palavras-chave:

Educação em Saúde. Refugiados. Qualidade de vida.

Resumo

RESUMO

 

O projeto “Saúde e bem-estar para os refugiados – empoderando pessoas resilientes” foi desenvolvido na comunidade de refugiados de Anápolis-GO, mais especificamente na Igreja Presbiteriana Pioneira da cidade, por meio de ações de educação em saúde, tendo duração em média de duas horas cada uma, visando minimizar as dificuldades encontradas por essa população vulnerável no âmbito da saúde e transmitir esse conhecimento dentro da comunidade, aumentando as qualidade de vida desse grupo. Posto isso, foram realizadas oficinas educativas nas salas de aula da Igreja Presbiteriana Pioneira, ministradas por três Ligas Acadêmicas do Curso de Medicina da Universidade UniEVANGÉLICA, sendo elas: LACLIMP, LIAME e LANU. Dentre as temáticas abordadas incluem: higiene intima e métodos contraceptivos, Infecções sexualmente transmissíveis (IST) e prevenção, orientação sobre diabetes e hipertensão arterial com avaliação física, saúde do trabalhador, saúde mental e primeiros socorros. As ações resultaram em grande sucesso devido à motivação e ao interesse, tanto dos acadêmicos, quanto dos refugiados.

INTRODUÇÃO

 

Ao longo dos anos, o Brasil tem sido o local escolhido por imigrantes de diversas nacionalidades que são vítimas de crises econômicas, desastres ambientais, violações dos direitos humanos, violência e perseguição. No primeiro semestre de 2022, 1.720 refugiados de 121 nacionalidades diferentes foram acolhidos no Brasil,  sendo 55% deles de origem Venezuelana. Estes, são protegidos pela Lei nº 9.474/97, que garante a não expulsão ou extradição, do refugiado devidamente registrado, para o país em que está ocorrendo a perseguição (BRASIL, 2022). Além disso, existe a proteção internacional, que sob o mandato do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) assegura o acesso aos direitos e à atenção básica para as pessoas refugiadas do mesmo modo que garante para qualquer outro estrangeiro legal no país (BARRETO, 2010). Desse modo, o estado de Goiás abriga grande parte dessas pessoas, principalmente procedentes da Venezuela e do Haiti, em diversas cidades (BRASIL, 2020).

O direito à saúde deve ser inserido no dia a dia dos refugiados por ser um importante aspecto abordado pelas políticas públicas, porém existem obstáculos para sua aplicação efetiva como a dificuldade de comunicação, falta de preparo da rede de saúde para atender essas pessoas, o aspecto cultural e a falta de informação desses vulneráveis sobre o funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS) e suas abordagens (SOARES, 2018).

Dessa forma, tornou-se necessário intervir na comunidade de refugiados de Anápolis-GO para promover ações de educação em saúde, com o propósito de minimizar as dificuldades encontradas por essa população vulnerável no âmbito da saúde.

METODOLOGIA

 

A metodologia utilizada no projeto Saúde e Bem estar para os refugiados – empoderando pessoas resilientes, são oficinas educativas, que ocorrem nas salas de aula da Igreja Presbiteriana Pioneira, ministradas por três Ligas Acadêmicas do Curso de Medicina da Universidade UniEVANGÉLICA, sendo elas: LACLIMP, LIAME e LANU, para os refugiados que se encontram na cidade de Anápolis-Go.

As oficinas ocorrem de quinzenalmente, as quartas-feiras, com duração de 2 horas, com a intenção de promoção da saúde, cada liga acadêmica ministra duas oficinas, e no final do projeto tem uma oficina integrativa das três ligas acadêmicas. Os temas propostos são: higiene intima e métodos contraceptivos, Infecções sexualmente transmissíveis (IST) e prevenção, orientação sobre diabetes e hipertensão arterial com avaliação física, saúde do trabalhador, saúde mental e primeiros socorros. Foram utilizados bonecos de partes do corpo humano para melhor explicação, demonstração de métodos contraceptivos e a pratica correta de utilização. Na avaliação física ocorreu medição da glicemia capilar e pressão arterial.

Para que haja respeito as diversidades culturais, oficinas que tratam de assunto considerados tabus, em determinadas culturas, como: higiene intima, contracepção e IST, as palestras são ministradas em 2 salas, separando os homens das mulheres, para que assim, não ocorra constrangimento e que o assunto possa ser maior difundido entre a comunidade.

Ao final de toda oficina, a liga ministrante oferece aos convidados um lanche, com bebidas, como: água e refrigerante e comidas, como: salgado, bolo e pão. Para que seja um momento de confraternização e um atrativo para as oficinas de saúde.

 

RELATO DE EXPERIÊNCIA E RESULTADOS

 

                          Frente as diversas adversidades enfrentadas pela população refugiada, desde às circunstâncias que forçaram sua emigração e as perdas de relações familiares, até as diferenças culturais e linguísticas (SANTANA, 2018), o projeto extensionista destinado a esse público-alvo tem se mostrado um excelente aliado para romper com as inúmeras barreiras existentes, principalmente às relacionadas ao cuidado com a saúde.

                  Sabe-se que o conceito de saúde é muito mais amplo que a simples ausência de doença, sendo caracterizado como estado de completo bem-estar físico, mental e social (OMS, 1946). Desse modo, os encontros quinzenais se mostram importantes para promover integração de povos distintos, para compreender realidades diferentes e, fundamentalmente, para esclarecer os problemas de saúde associados aos imigrantes, que são, essencialmente, associados a questões culturais (FASSIN, 2012).

                   Nesse sentido, as ações obtiveram grande sucesso, pois há um nítido interesse, de ambas as partes, tanto dos acadêmicos, que acolhem um grupo extremamente marginalizado e melhoram, de fato, a qualidade de vida de toda uma comunidade, quanto dos refugiados. O interesse do segundo grupo é percebido, claramente, pela extrapolação do tempo estipulado de inúmeras oficinas, pelas incontáveis dúvidas esclarecidas e pela frequência dos participantes nos encontros, sendo uma média de 15 pessoas.

                   Logo, com a realização do projeto “Saúde e bem-estar para os refugiados – empoderando pessoas resilientes”, conclui-se que há evidente soberania da espécie humana em detrimento das diferentes nacionalidades, etnias ou culturas, visto a integração observada, bem como o interesse mútuo pelo cuidado com a saúde.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

A educação em saúde utilizando oficinas em grupo para um público alvo especifico é sem dúvidas uma ferramenta que deve ser aplicada, além de transmitir o conhecimento em saúde a uma população vulnerável, permite que esse conhecimento seja disseminado dentre a comunidade visando aumentar a qualidade de vida desses grupos. Contudo, é válido ressaltar que a mudança nos hábitos de saúde é um processo contínuo e perseverante, requerendo assim que mais ações sejam promovidas para que haja maior eficácia em termos de qualidade de vida.

AGRADECIMENTOS

 

 

Por fim, gostaríamos de agradecer aos participantes das ligas e aos monitores da extensão por terem colocado o projeto em prática. Agradecemos também à professora Luciana Caetano, pela orientação e auxílio no desenvolvimento do trabalho, à Universidade Evangélica de Goiás pela oportunidade e à banca avaliadora pela disponibilidade.

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Publicado

2022-12-22

Edição

Seção

XII Mostra Científica de Ações Extensionistas