A ARTE COMO FERRAMENTA DE PESQUISA E APRENDIZAGEM PARA A APROPRIAÇÃO CULTURAL DOS ALUNOS DA CIDADE DE GOIANÉSIA

Autores

  • Adriely Caroline Morais Costa Moreira
  • Kátia Lopes Moreno

Palavras-chave:

Arte-educação, ensino-aprendizagem, pluriculturalismo

Resumo

INTRODUÇÃO
O presente trabalho visa analisar o estudo da arte no contexto educacional valorizando o ser e suas raízes pois, sabe-se que desde o início da história da humanidade a arte sempre esteve presente em praticamente todas as formações culturais e que ao longo dos anos ela não permanece estática mas, sofre constantes transformações sendo transmitida de geração em geração de acordo com as influencias de quem a transmite. Ainda hoje percebemos a constante presença da arte em nossa sociedade como também na educação.
A educação artística nos primeiros anos escolares é ampla e abrangente, por meio dela pode-se inserir sentidos nas teorias e conceitos ministrados nas demais disciplinas, mas, muitas vezes nas escolas não encontramos profissionais preparados para este ensino, ou que tenha consciência da importante contribuição que a arte faz no processo de ensino-aprendizagem.
Este problema se inicia na formação do professor, que em seus anos de estudo aprende métodos e processos do ensino de português, matemática, ciências, história, geografia, mas, não o de artes. Sendo assim esta pesquisa vem ressaltar a importância da arte no contexto escolar, afim de que mediante esta haja um olhar reflexivo por uma educação qualitativa e integral, onde o aluno seja protagonista de sua aprendizagem e desenvolva gradativamente o seu cognitivo, métodos de comunicação e expressão, reflexão crítica e criatividade.
REFERENCIAL TEÓRICO
A arte está presente no cotidiano do ser humano desde os primórdios da sociedade, foi por meio dela que se deram as primeiras leituras de mundo feita por
desenhos nas cavernas e hoje além da comunicação a arte assume papéis no comercio, nas ações científicas tornando-se cada vez mais importante para sociedade.
[...] fora do campo artístico, a arte poderá ser importante auxiliar como elemento mediador de conhecimento, em carreiras científicas, comerciais ou técnicas através de filmes, fotografias, vídeos, rádio, TV, etc., que informam e ao mesmo tempo, recriam ambientes e componentes estéticos. (FUSARI; FERRAZ, 1993, p. 63)
Na escola é muito importante permitir que a criança vivencie a prática dos conhecimentos por meio da arte, de forma que o aluno assimile melhor os conteúdos e aprenda a se comunicar. Segundo Duarte Júnior (2003, p.23) “[...] as escolas tem separado o conceito das palavras do sentido qual elas expressam para a criança dificultando a verdadeira aprendizagem, pois é fundamental no processo de alfabetização que o sentir e conceituar estejam sempre juntos.”.
O conhecimento quando abordado na prática, na vivência da criança toma precursores de uma aprendizagem mais ampla e significativa.
Para que a criança consiga construir o conhecimento com mais autonomia é preciso conscientizá-la de seu pertence a uma sociedade política e cultural e torná-la protagonista desta cultura, pois a cultura não se transmite se vive.
Nessa concepção, educar não é transmitir às novas gerações apenas a experiência cultural constituída ao longo de um percurso histórico, mas também as chaves que permitam promover sua renovação pela transformação do já conhecido. É impossível “passar” a experiência cultural, pois diz respeito à vida, e, assim, sua transmissão só pode se dar no viver. (MEC 2016, p. 20)
Sabe-se que a educação (CMEI/creche/escola) é o primeiro direito social da criança, frequentá-la e adquirir conhecimentos matemáticos, linguísticos, geográficos, etc. Mas por que nesta amplitude de conhecimentos a arte se torna um momento de ócio, se ela pode contribuir para a aprendizagem da criança.
O acesso à arte por meio da escola formal é o início de um caminho para sistematizar, ampliar e construir conhecimento nas diferentes linguagens artísticas que nos possibilitam interagir no mundo de forma diferenciada. É o mesmo tipo de direito que garante acesso à matemática, à Língua Portuguesa e às Ciências que estão presentes nos currículos. Arte é conhecimento cujo direito é universal, arte é um conjunto de saberes que são imprescindíveis para que o cidadão possa inteligir, experenciar e atuar no mundo. (MARQUES; BRAZIL 2014, p.29)
Para este caminho de construção de saberes científicos por meio da arte a formação do profissional da educação também é um fator considerável, uma vez que
a prática do profissional deriva de anos de estudos teóricos. Nesta perspectiva Iavelberg (2003) afirma que “é imprescindível que, nos projetos de formação inicial e contínua de professores, o saber, o ‘saber fazer’ e o ‘saber ser’ estejam inter-relacionados, considerando os modos de aprendizagem dos alunos e a formação para a cidadania.”.
Sendo assim podemos verificar que o processo de ensino-aprendizagem pode ser compreendido numa prática mais relacionada à vivência e ao ser do que aos saberes científicos, pois estes serão apenas adquiridos se não vivenciados, mas, quando vivenciados serão de fato compreendidos.
METODOLOGIA
Esta pesquisa é desenvolvida por meio de pesquisa qualitativa “[...] cuja objetividade seria garantida pelos instrumentos e técnicas de mensuração e pela neutralidade do próprio pesquisador frente à investigação da realidade.” (PÁDUA, 2005, p.31).
Para tanto será realizada análise bibliográfica “[...] procedimento básico para os estudos monográficos, pelos quais se busca o domínio do estado da arte sobre determinado tema [...]” (CERVO, 2003, p.66). E pesquisa de campo “[...] é feita nas condições naturais em que os fenômenos ocorrem, sendo assim diretamente observados sem intervenção e manuseio por parte do pesquisador [...]” (SEVERINO, 2007, p.123) por meio de relatórios e questionários com intuito de analisar a atual situação da arte-educação nas escolas municipais de Goianésia.
RESULTADO E DISCUSSÕES
Todos que passam pela educação básica, vivenciam um processo de ensino-aprendizagem com duração de 12 (doze anos) considerando apenas ensino fundamental e médio. Ao longo desses anos aprendem-se várias disciplinas que começam com as consideradas “básicas” e vão aumentando até encerrar o ensino médio com cerca de 20 disciplinas diferentes. O que acontece é que mesmo com tantas disciplinas certas situações não mudam ao longo dos anos, a exemplo disso, o aluno participa da festa junina em todos os anos escolares, porém, ao perguntá-lo o que ele sabe sobre a festa a resposta normalmente será: “Não sei.”; “Dancei para ganhar nota.”. Ao receber respostas como estas, fica a dúvida de qual foi o
significado ou qual a aprendizagem que se deu ao longo da elaboração, organização ou dos ensaios para que a festa acontecesse.
Vivemos em uma sociedade pluricultural, onde se ensina a valorizar e respeitar as diferenças, mas, como o aluno pode conscientizar-se de tal modo se o mesmo não sabe ou não aprendeu que é pertencente a uma cultura e responsável por ela também? O processo de construção do conhecimento deve ser intrínseco e deve acontecer de forma autônoma, porém, como esta autonomia pode ser construída se ao longo de 12 anos o aluno não aprende de onde surgiu o hábito de dançar em tal festa, ou porque comemorar uma data?
É dever da educação assegurar que tais perguntas sejam respondidas e que a consciência cultural do aluno enquanto ser social, cultural e político seja construída de forma autossuficiente para convivência do mesmo em sociedade.
CONCLUSÃO
Para que o direito a educação seja de fato atendido o processo de ensino-aprendizagem deve ir além de disciplinas e conteúdos, por isso se dá a importância da educação artística, por meio dela perguntas como “de onde vim?”, “como era minha cidade há 50 anos?”, “por que existe esta festa?” podem ser o pontapé inicial para que desde criança o aluno se torne um pesquisador, crítico, conhecedor de sua cultura e assim construa o conhecimento com autonomia se tornando um cidadão consciente.
Portanto, diante de reflexões como estas percebe-se que a educação artística tem sua relevância no contexto educacional se desenvolvida de maneira ideal, contribuindo para que o aluno desde os primeiros anos escolares tenha consciência de pertence a uma cultura, conheça a si mesmo e se torne autônomo, crítico-reflexivo, construindo conhecimento de forma que os conteúdos deixem de serem símbolos e tomem significados pertinentes a sua vivencia social e cultural.

Publicado

2018-05-17