PERIGO DOS DISCURSOS INTOLERANTES NO ATUAL MANIQUEÍSMO BRASILEIRO
Palavras-chave:
Política, Discurso, Maniqueísmo, Intolerante, IdeologiaResumo
2 INTRODUÇÃO
É indiscutível o fato de que o Brasil está passando por uma fase de grande instabilidade política e isto gera inúmeras consequências como uma economia fragilizada, refletindo também nos setores básicos para o desenvolvimento da população; estas são as consequências mais percebidas pelos indivíduos. Porém as pessoas não se atentam ao fato de algo mais profundo como o perigo dos discursos de políticos oportunistas que se aproveitam de um maniqueísmo atual no Brasil, para propagar suas ideias radicais e alimentar o ódio por qualquer posicionamento contrário às suas concepções ideológicas.
O maniqueísmo pode ser conceituado como o dualismo entre dois princípios opostos, no cenário político pode ser caracterizado por comportamentos de ódio por qualquer posição de ideologia contrária à sua. É neste contexto que surge o perigo dos discursos de políticos que fomentam ainda mais esta oposição, principalmente os discursos radicais erigidos sob pilares contrários à paz, por exemplo, fazendo que aja uma ruptura dualista entre pessoas que se dizem de direita e que se dizem de esquerda. Diante de tal problemática, este trabalho tem como objetivo analisar e esclarecer como esse fenômeno atual do maniqueísmo acarreta direta e indiretamente de forma negativa a população como um todo.
3 METODOLOGIA
Para se definir o tema deste trabalho foram analisados problemas atuais da sociedade brasileira, onde se sobressai o cenário político. Foram realizadas pesquisas bibliográficas em livros e artigos, avaliação dos comportamentos público dos políticos, além de serem também analisadas notícias relevantes para o assunto.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO O discurso intolerante é, sobretudo, um discurso de condenação aos indivíduos considerados não cumpridores de certas normas sociais. No caso da política, estas normas sociais são aquelas almejadas e defendidas por certa parte da população que se apoia em
representantes de suas ideologias. É onde surge a má fé de pessoas que querem obter o poder de representação, agindo diretamente como o ator da enunciação dos discursos, elevando grande admiração das pessoas que se sentem representadas, e posteriormente até seguidores fiéis a sua ideologia, muitas vezes deixando todo o seu senso de verdade individual, para tomar como verdade tudo o que o representante político impõe.
A intolerância vem sendo propagada cada vez mais em sua maioria nas redes sociais, reforçando a intransigência política. As pessoas concordam entre si em levar o debate com as outras a níveis histéricos, muitas vezes apoiados pelos oportunistas que se aproveitam para manter ou conquistar cada vez mais seu poder.
As propagandas eleitorais têm como finalidade a divulgação de candidatura e ideologias de candidatos. Estes tem o objetivo de persuadir o eleitor para assim obterem maior quantidade de votos. No âmbito das propagandas, alguns líderes constroem propagandas mentirosas e que exalam o ódio como forma de promover o partido e passar a representar a ideologia por si próprio (GOMES, 2004).. Ocorre um mecanismo de criação de uma imagem do político para que o público vincule esta imagem ao meio social.
Conforme PEREIRA, B.B., MORGADO, C.E.M., ROCATELLI JUNIOR, I.N. em Do totalitarismo à democracia contemporânea (2012, p.11):
A internet também pode ser usada como importante ferramenta de promoção política. Um caso de sucesso, e de grande repercussão, foi a campanha presidencial de Barack Obama em 2008. Nela o uso das redes sociais e da internet foi feito de maneira intensa. Com uma hábil construção de sua imagem, a campanha utilizou-se de maneira extraordinária a internet em seus mais diversos recursos, de forma pioneira na publicidade política. Esta ferramenta foi essencial para construção positiva da imagem de Obama tanto nas primárias contra sua colega de partido Hilary Clinton, quanto nas eleições contra John McCain do Partido Republicano. A construção hábil de sua imagem, mesmo que num sistema aberto sem repressão do Estado como num governo totalitarista, não deixa de influenciar as massas a uma compreensão limitada pela campanha publicitária. A violência é uma das consequências de discursos de ódio contra opiniões, crenças e classes sociais distintas, e vêm ocupando muito espaço na mídia brasileira. Nesse contexto de ambientes polarizados ideologicamente, a intolerância agride a liberdade política. Torna-se um dos vetores diretos da produção da violência política. Os direitos políticos das minorias são extremamente desvalorizados, o que não faz parte de um sistema democrático, mesmo que seja a maioria quem decida.
Habermas aponta que mesmo num discurso ideológico que a compreensão intersubjetiva pode ser distorcida, o mútuo entendimento das pessoas não deve ser comprometido, pois necessariamente a formação do discurso implica na formulação de uma situação de discurso ideal que está intimamente ligada com o princípio da verdade (CANOVAN, 1983).
Nesse sentido, é inevitável falar sobre o fascismo, que muitas pessoas acham um exagero em se comparar atitudes de políticos atuais com políticos que por causa de seu radicalismo levou a grandes genocídios, como foi o caso de Adolf Hitler na Alemanha nazista. Mas o fato é que um país quando está em crise, está instável, a população se sente desprotegida, injustiçada e impotente, e aposta suas forças em ideias mais radicais, cada um quer que o lado atendido seja o seu grupo social. É esta oposição de ideias que pode ser conceituado como o maniqueísmo, e o totalitarismo apresenta real perigo nesse momento. O livro 1984 de George Orwell que é uma distopia futurista pode ser lido como uma crítica ao totalitarismo e fascismo, o estado de ódio em que a sociedade é erigida, faz com que os indivíduos fiquem em constante ódio e como ele diz “fazer o que todo mundo fazia era uma reação instintiva.” Então o político representante atinge seu objetivo de obter poder, sobre isso, dispõe no livro 1984 de ORWELL:
[...] O Partido procura o poder por amor ao poder. Não estamos interessados no bem–estar alheio; só estamos interessados no poder. Nem na riqueza, nem no luxo, nem em longa vida de prazeres: apenas no poder, poder puro. (...) Somos diferentes de todas as oligarquias do passado, porque sabemos o que estamos fazendo. Todas as outras, até mesmo as que se assemelhavam conosco, eram covardes e hipócritas. Os nazistas alemães e os comunistas russos muito se aproximaram de nós nos métodos, mas nunca tiveram a coragem de reconhecer os próprios motivos. Fingiam, talvez até acreditassem, ter tomado o poder sem querer, e por tempo limitado, e que bastava dobrar a esquina para entrar num paraíso onde os seres humanos seriam iguais e livres. Nós não somos assim. Sabemos que ninguém jamais toma o poder com a intenção de largá-lo. O poder não é um meio, é um fim em si. Não se estabelece uma ditadura com o fito de salvaguardar uma revolução; faz-se a revolução para estabelecer a ditadura. O objetivo da perseguição é a perseguição. O objetivo da tortura é a tortura. “O objetivo do poder é o poder.”
Mesmo sendo uma distopia, 1984 pode ser comparado com a realidade e instigar reflexões de seus leitores, levando-os a submergirem em uma crítica social, por isso não é uma proposta fácil de ser lida. A obra foi publicada em 1949 e expressa o sentimento de angústia e pessimismo de uma população mundial, isso pode ser vinculado ao medo e ódio real, em um clima de instabilidade política discutida neste trabalho.
5 CONCLUSÕES
Não há uma solução exata para o perigo da alienação, pois já se trata de algo da psique humana, uma área ainda a ser muito explorada, dependendo da individualidade de cada ser. Portanto, sempre irá ser um perigo a instabilidade política devendo-se prevenir este fenômeno; e é imprescindível o alerta à população sobre os perigos dos discursos intolerantes.
É de suma importância que os indivíduos saibam identificar os elementos que compõem a situação aqui exposta. Essa identificação faz com que a massa não fique tão
vulnerável a coerção e repressão dos oportunistas. É necessário fortificar a democracia e equilibrar a política e o meio social.