A AUTOMEDICAÇÃO PARA O ALÍVIO DOS SINTOMAS GASTROINTESTINAIS DOS ALUNOS NO CURSO DE MEDICINA DA UNIEVANGÉLICA
Palavras-chave:
automedicação, condições patológicas, sinais e sintomasResumo
Objetivos: Este estudo teve como objetivo identificar aspectos relacionados à incidência de automedicação para alívio de sintomas gastrointestinais em estudantes de medicina da Unievangélica. Os objetivos específicos deste estudo foram identificar quais medicamentos são mais utilizados na automedicação, identificar o perfil dos entrevistados diferenciando gênero, idade e período que o aluno está cursando com automedicação, e também verificar a influência da o conhecimento adquirido pelos alunos de medicina no curso de medicina da UniEVANGÉLICA na automedicação. Métodos: Trata-se de um estudo transversal, descritivo e quantitativo. Os dados foram coletados por meio de questionário aplicado em 2022 aos alunos de medicina da UniEVANGÉLICA do primeiro ao oitavo período. A amostra foi por conveniência e contou com a participação de 173 alunos de uma população de aproximadamente 800. O poder amostral foi calculado, post hoc, com base no teste estatístico utilizado (qui-quadrado), tamanho de efeito médio de 0,3 e nível de significância de 5 %, com poder de 82%. Foram aplicados 184 questionários e excluídos 11 por dados amostrais incompletos, questionários não respondidos corretamente e menores de 18 anos. Resultados: Os dados foram obtidos de 173 participantes, dos quais 72,8% eram mulheres e a média de idade foi de 21,5 anos. Dentre os sintomáticos, 78,6% apresentaram queimação. Entre os medicamentos, 71,1%. antiácidos usados. Em 62,9% o conhecimento adquirido no treinamento influenciou na hora de procurar o médico e 66,5% automedicaram-se para sintomas gastrointestinais. Houve predominância do sexo feminino, em que 77,5% das mulheres se automedicam, enquanto 62,3% dos homens realizam essa prática. Em percentual, o 8º período se automedica mais (80%). 53,4% dos entrevistados negaram que seus conhecimentos adquiridos estejam ligados à automedicação, sendo que no 8º período 75% responderam que há influência. 53,6% afirmaram que o conhecimento adquirido influenciou na escolha do medicamento para automedicação. Conclusão: O presente estudo mostrou quais medicamentos são mais comumente utilizados para tratar sintomas gastrointestinais, sendo estes, os antiácidos em primeiro lugar, seguidos pelos inibidores da bomba de prótons (IBPs). O presente estudo também apresentou, por meio dos dados coletados, que a automedicação não necessariamente aumenta proporcionalmente ao conhecimento obtido ao longo do curso, mas demonstra que o conhecimento adquirido influencia o medicamento a ser utilizado para automedicação, bem como influencia o momento de procura ao profissional médico. Assim, o conhecimento adquirido ao longo do curso tem relevância em fatores que não necessariamente se relacionam ao ato de automedicação. Portanto, fica clara a necessidade de aprofundar o tema da automedicação nos graduandos de medicina, para que os alunos possam compreender com clareza os riscos inerentes a essa prática.
Referências
ALBUSALIH, F. A. et al. Prevalence of Self-Medication among Students of Pharmacy and Medicine Colleges of a Public Sector University in Dammam City, Saudi Arabia. Pharmacy (Basel), v. 5, n. 3, p. 51, 2017.
ARRAIS, P.S.D., et al. Prevalência da automedicação no Brasil e fatores associados. Revista de Saúde Pública. v. 50, n. 2, p. 1-13, 2016.
ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA. Automedicação. vol.47, no.4, São Paulo, 2001.
Automedicação. Revista Associação Médica Brasileira, São Paulo, v. 47, n. 4, pág. 269-270, dezembro de 2001.
BARBUTI, R.C; MORAES FILHO, J.P.P. Dispepsia funcional. Atualização terapêutica: Manual Prático de diagnóstico e tratamento, v. 20, p. 405-408, 2001.
BERNARDES, H. C. et al. Perfil epidemiológico de automedicação entre acadêmicos de medicina de uma universidade pública brasileira. Brazillian Journal. Health., v. 3, n. 4, p. 8631-8643, 2020.
BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. PORTARIA Nº 3.916, DE 30 DE OUTUBRO DE 1998. Brasília, 1998.
CARVALHO, M.F., et al. Utilization of medicines by the Brazilian population, 2003. Caderno Saúde Pública, v. 21, p. 100-108, 2005.
COSTA, A.A. BRANCO, A.B, MOURA, A.A.C, MANGUEIRA J.L. O uso de medicamentos pelas famílias atendidas no Centro de Saúde 8 do Gama, Distrito Federal. Comunicado Ciência Saúde. v. 18, n. 2, p. 117-127, 2007.
COUBE, C.; WEBBER, D.E. The story of self-care and self-medication 40 years of progress 1970-2020. WSMI, Ferney-Voltaire, França.
DOMINGUES, P.H.F., et al. Prevalência e fatores associados à automedicação em adultos no Distrito Federal: estudo transversal de base populacional. Epidemiologia Serviço Saúde Brasília, v. 26, n. 2, p. 319-330, 2017.
DUTRA, J, R; SOUZA S, M, F; PEIXOTO M, C. A influência dos padrões de beleza veiculados pela mídia, como fator decisório na automedicação com moderadores de apetite por mulheres no município de miracema-rj, Revista Transformar, v.7, p. 194-213, 2015.
FLEITH, V.D., et al. Perfil de utilização de medicamentos em usuários da rede básica de saúde de Lorena, São Paulo. Ciências & Saúde Coletiva, v. 13, p. 755-762, 2008.
IVO, S. E. D; PEREIRA, M, P; SOARES. C, S. Uso de inibidores de bomba de prótons entre estudantes de medicina de uma instituição de ensino superior de Maringá-PR e as consequências à curto e longo prazo. Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.9, p. 88402-88426 set. 2021.
LAPORTE, J.R.; TOGNONI, G.; ROSENFELD, S. Epidemiologia do medicamento: princípios gerais. 1.ed. São Paulo, Hucitec - Abrasco, 1989.
LEAKE, C.D. The history of self-medication. Annals of the New York Academy of Sciences v. 120, n. 3, p. 815-822, 1965.
LOYOLA FILHO, A.L, UCHOA E, GUERRA H.L, FIRMO J.O.A, COSTA M.F. Prevalência e fatores associados à automedicação: resultados do projeto Bambuí. Revista de Saúde Pública. V.36, n. 1, p. 55-62, 2002.
MASSON, W. et al. Automedicação entre acadêmicos do curso de Medicina da Faculdade de Medicina de Marília, São Paulo. Revista Brasileira Pesquisa Saúde, Vitória. V.14 n. 4 p. 82-89, 2012.
MEHUYS, E. et al. Self-Medication of upper gastrointestinal symptoms: a community pharmacy study. The Annals of Pharmacotherapy May, Volume 43, 2009, p. 890-898.
MELETTI, A. et al. Automedicação em estudantes de medicina. Perspectivas Médicas. V.24 n. 1, p. 10-19, 2013.
NASCIMENTO, A.C. A centralidade do medicamento na Terapêutica contemporânea. Orientador: Jane Dutra Sayd. 2002. Tese (Doutorado em Saúde Coletiva). Instituto de Saúde Coletiva-Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2007. 289.
CHEHUEN NETO, J. A. C., et al. Automedicação entre Estudantes de Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora. HU Revista, [S. l.], v. 32, n. 3, p. 59–64, 2007.
SCHMID B, BERNAL R, SILVA, N.N. Automedicação em adultos de baixa renda no município de São Paulo. Revista Saúde Pública. v. 44, n. 6, p. 1039-1045, 2010.
SERVIDONI, A.B., et al. Perfil da automedicação nos pacientes otorrinolaringológicos. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia. v. 72, n. 1, p. 83-88, 2006.
TOGNOLI, T. A. et al. Automedicação entre acadêmicos de medicina de Fernandópolis – São Paulo. Journal Health Biologic Science. v. 7, n. 4, p. 382-386, 2019.
TORRES, H.G.T., et al. Automedicação em Bairro Assistido por Equipe de Saúde da Família em Itajubá, Minas Gerais. Revista Ciências em Saúde, v. 4, n. 1, p. 1-11, 2014.
TRISÓGLIO C; MARCHI C.M.G; TORRES U.S; NATINHO J.G. Prevalência de constipação intestinal entre estudantes de medicina de uma instituição no noroeste paulista. Revista Brasileira Coloproctologia, v. 30, n. 2, p. 203-209, 2010.
WEYRICH, L.S.I., et al. Neanderthal behaviour, diet, and disease inferred from ancient DNA in dental calculus. Nature. V. 544, p. 357-361, 2017.
W.H.O- World Health Organization. The role of the pharmacist in self-care and self-medication. Geneva: World Health Organization; 1998.
ZANGIROLAMI-RAIMUNDO, J.; ECHEIMBERG, J. O.; LEONE, C. Tópicos de metodologia de pesquisa: Estudos de corte transversal. Journal of Human Growth and Development, São Paulo, v. 28, n. 3, p. 356-360, 2018