AVALIAÇÃO DO USO DE TECNOLOGIAS DIGITAIS EM TEMPO DE PANDEMIA E SUAS REPERCUSSÕES NA QUALIDADE DE VIDA DO IDOSO
Palavras-chave:
idosos, tecnologia, saúde, características socioeconômicasResumo
O envelhecimento é conceituado como um processo dinâmico e progressivo no qual há alterações morfológicas e funcionais. Sendo que, essas alterações, desde o âmbito físico, psicológico e social tendem a afetar os papéis sociais que são desempenhados pelas pessoas idosas, além de que todas as modificações morfológicas da senectude podem influenciar as habilidades motoras para a utilização de dispositivos tecnológicos (SILVEIRA et al., 2010).
A mudança da pirâmide populacional, com crescente envelhecimento está relacionada ao declínio da fecundidade, levando a um maior ritmo de crescimento da população idosa. Em 1970, por exemplo, pessoas com mais de 65 anos constituíam 3,1% da população, já em 2050 deverão corresponder a 19% da população brasileira. Assim, é importante ressaltar que a população idosa é a que tem revelado maior dificuldade na compreensão dos novos meios tecnológicos e em lidar com esses avanços (NARSI, 2008; CARVALHO; WONG, 2008; SILVEIRA et al., 2010).
Com a inversão da pirâmide etária, a rápida expansão da tecnologia faz com que seja extremamente importante o seu uso no cotidiano. Com a pandemia da COVID-19, ela se tornou indispensável devido às mudanças nos processos de organização e ensino para o controle da doença. Assim, torna-se necessário o desenvolvimento de projetos que visem o aprendizado dos idosos ao uso das novas tecnologias para integração à sociedade e para facilitar a rotina no atual contexto de surto de doença (CZAJA; SHARIT, 2012).
É certo que a relação entre tecnologia e informação estabelece um parâmetro que limita a aquisição de conhecimento pelos excluídos digitais. Com isso, é importante fornecer à população idosa o acesso aos meios tecnológicos, pois é necessária a inclusão digital dessas pessoas de maneira ampla e abrangente (STOBÄUS; MOSQUEIRA; 2012). Outrossim, comprovou-se que o uso da tecnologia nessa faixa etária facilita a busca de informações ligadas à saúde e contribui com aspectos preventivos no processo de envelhecimento (DEOLLOS; MORRIS; 1999).
Nesse sentido, o fornecimento da tecnologia aos idosos reflete a importância
das ferramentas educacionais, tendo em vista que o investimento em educação reflete um investimento em saúde. Para tal, inúmeras ferramentas são utilizadas na integração da pessoa idosa à tecnologia, como jogos on-line e redes sociais, que tendem a aumentar a adesão à internet, além de inseri-los de forma ativa nos meios de comunicação. Também, o uso dessas ferramentas atua no rompimento de tabus sociais, uma vez que a comunidade científica não julga a idade como um fator de limitação, haja vista que a capacidade de adquirir novos ensinamentos é contínua durante toda a vida (MOTA, M. S.G; PEREIRA, F.E.L., 2012).
Em meio a uma época em que a internet é essencial na vida de milhares de jovens, adultos e idosos, faz-se necessário a adoção de táticas e hábitos que incluam a parcela da sociedade que não desfruta, e não cresceu em meio a esse “boom” tecnológico: a população idosa. A experiência de promoção de projetos para inclusão da tecnologia no dia a dia dos idosos têm sido um trabalho complexo, devido ao fato dessa população ser bastante heterogênea em aspectos sociais, culturais e econômicos, à falta de experiências prévias e por desacreditarem na capacidade de se aprender algo novo (CZAJA; SHARIT, 2012).
Referências
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